Marta e Rodrigo eram dois adolescentes de 15 anos que tinham terminado o seu primeiro período de aulas, contando com as melhores classificações ao nível da aprendizagem de boa qualidade que era assegurada pela reputada Escola Secundária de Esmoriz.
Com cabelo ruivo e sardas, Marta tinha sido premiada recentemente num Concurso de Poesia realizado na sede de Município, tendo inclusive merecido diversos aplausos por parte da plateia. Por seu turno, o altivo Rodrigo gostava de ler as obras marcantes dos mais conceituados autores portugueses - Fernando Pessoa, Eça de Queirós, Almeida Garrett, José Saramago, Lobo Antunes...
Eram pois dois jovens com bastantes conhecimentos, contrastando com o desinteresse geral das camadas juvenis pela cultura nacional nas últimas décadas.
Valorizando a essência da Natureza, Marta e Rodrigo, grandes amigos desde a Escola Primária, frequentavam regularmente a Praia de Esmoriz e olhavam sempre em jeito de curiosidade para a maior lagoa do Norte do País, a lendária Barrinha, que alberga em si várias espécies de aves (gaivotas, águias, milhafres, falcões, garças-reais...) e ainda algumas espécies piscícolas (nomeadamente as enguias e as tainhas). A vegetação envolvente pautava-se igualmente pela sua diversificação, atraindo, de vez em quando, investigadores de botânica dos mais diversos cantos de mundo.
Contudo, a mãe de Marta, a Dona Palmira, que sempre manifestou um interesse especial pelas histórias e tradições da terra, tentava dissuadi-los de visitar aquele curso de água, até porque era um meio bastante pantanoso, sobretudo na altura do Inverno. Não deveriam ir pois sozinhos, dado que seria importante a supervisão dum adulto.
Para os convencer a não enveredar pelos caminhos que davam acesso à lagoa, Palmira transmitia a sua sabedoria à filha Marta e ao seu grande amigo Rodrigo que muitas vezes estava lá em casa:
- A Barrinha é um lugar muito bonito, mas também já foi berço de inúmeras tragédias. Pescadores que se afogaram tragicamente, crianças que nunca tiveram a oportunidade de desfrutar dos grandes prazeres da vida. Reza ainda uma lenda de que a lagoa poderá estar assombrada ou amaldiçoada por uma feiticeira que integrava a corte do rei Hermerico, o primeiro grande líder dos Suevos na Península Ibérica, pois fora este senhor impiedoso que os comandou desde o Reno e os instalou no Noroeste Peninsular, na região antiga da Galécia, e cuja capital seria a antiga Bracara Augusta. O nome desta bruxa temível que o seguia incansavelmente, é Marcialda. A mitologia refere que ela conseguiu lograr a imortalidade e possui agora mais de 1500 anos de existência. Desde os seus primórdios, terá acompanhado lealmente o seu soberano Hermerico, até aquando da sua abdicação ao trono em 448 a favor de seu filho - Réquila, tendo o primeiro passado os últimos 3 anos da sua vida numa terra que adoptaria o seu nome, embora que com ligeiras alterações toponímicas posteriores que resultariam no nome de Esmoriz. Aqui Hermerico repousou e usufruiu da paisagem maravilhosa que outrora assentava num extenso matagal que circundava as águas límpidas da Barrinha que circulava triunfantemente entre Silvalde e Cortegaça, pois a lagoa era bem mais ampla naqueles tempos mais remotos. Neste cenário, Hermerico ordenou a construção duma pequena fortaleza, dum mercado, porto e necrópole que se juntariam às poucas e humildes habitações que já perduravam no lugar. Parte da sua corte o acompanhou desde "Bracara" para "Hermeriz" nestes últimos anos de vida, aonde Hermerico faleceria em 441, sendo sepultado, juntamente com outros nobres, na necrópole que está soterrada em Gondesende nos dias de hoje. Como disse, Marcialda trabalhava "eternamente" para os sucessivos reis suevos, semeando pragas aos mais acérrimos inimigos do povo, nomeadamente aos visigodos, e mais tarde, não aceitaria igualmente a entrada dos muçulmanos em cena. Apesar da sua extrema velhice, ela julga-se ainda a dona da Barrinha, e não permite a entrada das gentes mais indesejadas... Por isso, tenham medo, muito medo... Devem pois conhecer os segredos da lagoa mas sempre devidamente acompanhados pelos adultos mais experientes e sábios.
Esta palestra da Dona Palmira, embora que fantasiada, foi narrada duma forma tão convincente que os pobres miúdos acreditaram que se tratava dum dogma, isto é, duma verdade absoluta. Contudo, o efeito dos seus avisos conheceria um sentido inverso. Os adolescentes sentiam a adrenalina num ponto máximo, e adorando o factor risco, não hesitariam em conhecer a lagoa e o seu meio envolvente, seguindo o caminho que se localiza a norte dos Campos de treinos do Sporting Clube de Esmoriz, e tentando assim encontrar algum indício que remetesse para a presença da célebre feiticeira imortal que lendariamente estaria radicada naquele extenso espaço natural. É claro que os dois adolescentes tomaram esta atitude sem avisar previamente os seus pais.
Estávamos na tarde do dia 24 de Dezembro de 2018. Os dois adolescentes tiveram que derrubar a vegetação que, por vezes, obstaculizava os acessos tradicionais explorados pelos humanos. Entretanto, uma vespa tonta quase que atingira a cabeça de Marta que conseguiu escapar a uma ferradela que lhe poderia causar imensas dores. Como sempre, Rodrigo manteve a calma e a frieza necessárias para que seguissem o caminho traçado sem serem feridos por algum animal inesperado. Pelo trajecto, observavam ainda no solo: embalagens, preservativos, sacas, cascas de banana... Enfim, a falta de consciência cívica era gritante.
Por fim, e quando já começavam a avistar as águas da lagoa e os antigos pegões da ponte desaparecida, eis que os arbustos mexeram-se repentinamente... e do seu meio saiu uma senhora, aparentemente bastante idosa, com verrugas na cara, sendo portadora dum aspecto deveras assustador para qualquer visitante. Apresentava-se vestida de preto, e com um milhafre instalado no seu ombro direito.
Rodrigo, até então calmo, começou a gritar: "Socorro! Acudam-nos! É a feiticeira malvada da Barrinha". Marta estava paralisada de terror, sem esgrimir qualquer reacção. A mulher aproximava-se um passo, Rodrigo afastava-se com dois, enquanto Marta estava ali parada sem exibir qualquer movimento. Tudo isto se repetiu até que aquela idosa alcançou a impotente e pálida rapariga e lhe... fez uma festa no seu cabelo castanho liso!
Aquela não parecia ser pois a feiticeira ou a bruxa sueva que assumia o papel de protagonista na história contada pela mãe de Marta.
Rodrigo, ainda algo receoso, perguntou-lhe:
- Quem és tu, pobre mulher? Não andas envolvida em cenas de pragas e maus olhados?
Ao que a senhora respondeu:
- Chamo-me Luísa, tenho já uns valentes 78 anos, e a vida votou-me a uma situação de abandono e desespero.
Marta, agora mais descansada, desejava saber mais pormenores da sua vida:
- Dona Luísa, o que está aqui a fazer? Você não tem casa?
Luísa sentiu-se forçada a revelar o seu verdadeiro estado de ruína:
- Não, perdi tudo na minha vida. Apenas construí aqui há uns anos atrás, e com a ajuda dum pescador modesto, uma pequena cabana, em parte abrigada por algumas árvores. Estou sozinha e ninguém me deita a mão, quando os temporais e a fome grassam, ameaçando a minha insignificante existência. Mas a minha história nem sempre foi assim tão nefasta como poderão julgar. Também fui criança como vós, tive amigas, sonhos e paixões. Formei-me numa Escola Superior de Educação. Comecei por leccionar dois anos, até que soube do falecimento do meu marido na Guerra Colonial. Os meus pais já não eram vivos. Entrei logo em depressão contínua, pois perdi o homem da minha vida. Na altura, estava grávida e o parto correu bastante mal, perdendo também o meu filho à nascença. A minha irmã que me ajudou a pagar o internamento posterior durante 5 anos, faleceu também pouco tempo depois, vítima de tuberculose. Os traumas psicológicos perduraram, tive que abandonar o professorado em início de carreira, e ninguém me queria dar a mão...
- E ninguém conseguiu auxiliá-la? Nunca mais teve um emprego? Questionava Rodrigo que não queria acreditar neste desfecho dramático.
- Sim, fui a várias entrevistas nas últimas décadas. Colocaram-me sempre de parte, pelo facto de ter permanecido desempregada bastante tempo. Para além disso, não possuía uma imagem facial que me favorecesse, e claro, faltavam-me sempre as cunhas ou os conhecimentos inter-pessoais que fazem, cada vez mais, a diferença. Acabei na miséria, esquecida e discriminada pela sociedade. Alguns julgam mesmo que sou mulher de má vida, pois me observaram tantas vezes a entrar na Barrinha, e pensam que vendo o meu corpo e alma. Mas eu não sou dessas... Vivo aqui numa estrutura rudimentar, com uma mísera pensão estatal e através de algumas esmolas dos mais caridosos que me asseguram assim uma alimentação mínima, apesar de muito incompleta. Mas essas quantias não dão sequer para ir a um bom médico, fico adoecida na minha cabana, suportando o frio que o clima nos impõe nesta época do ano. Mas ninguém quer saber de nós para nada. Sou apenas mais uma pessoa que faz parte do extenso grupo dos sem-abrigo, logo não tenho direitos nem deveres. É como se não fizesse parte da comunidade. Somos vistos como autênticos trapos e empecilhos!
Esta explicação da Dona Luísa comoveu os dois adolescentes que ficaram desolados com a sua situação deplorável e radicalmente injusta.
A vida sempre foi mesmo assim. Infelizmente, muita boa gente conhece os níveis que se encontram abaixo do limiar da pobreza. Os sucessivos governos ignoram esta realidade, as cunhas continuam a ser o prato de cada dia para se conseguir um bom emprego, o egoísmo continua a caracterizar esta sociedade que discrimina os mais necessitados... Que, ao menos, Nosso Senhor se lembre dos mais desfavorecidos neste dia especial, que os abrigue no seu conforto e lhes reavive as boas recordações que tiveram no passado!
Rodrigo trazia consigo uma sacola às costas, onde guardava uma sanduíche e um sumo bem saborosos, acabando por os ceder à idosa desconsolada, postura que mereceu a imediata reacção da Dona Luísa:
- Não posso aceitar isso tudo, prefiro antes dividir convosco estes alimentos. Importa pois é partilhar aquilo que temos num dia tão simbólico como este. Agradeço imenso o teu gesto. É pena que nem todos se lembrem de nós que vivemos diariamente num autêntico Inferno, sem nunca termos desejado mal a outrem.
E assim foi! Durante as próximas duas horas, as nossas três personagens tiveram a oportunidade de lanchar e conversar sobre os felizes e infelizes acontecimentos da vida. Contemplaram ainda as inúmeras gaivotas que sobrevoavam a lagoa, e as tainhas que saltavam na lagoa. A Natureza proporcionava pois todos estes momentos maravilhosos, sendo que por vezes, também ela era abandonada, ignorada e desrespeitada pelas sociedades.
Logo que chegaram às suas casas, Marta e Rodrigo avisaram seus familiares e amigos sobre o sucedido. Por sorte, a Dra. Catarina, mãe de Rodrigo e licenciada em Sociologia, que detinha um estatuto privilegiado, conseguiu mesmo prestar uma ajuda decisiva em termos de apoio social. Dentro deste contexto, a Dona Luísa foi imediatamente alvo de atenção cuidada dos serviços sociais que lhe asseguraram uma solução mais digna em termos de habitabilidade e subsistência. Até ao fim da sua vida, teve ainda a oportunidade de estreitar contactos com outras pessoas da sua idade, e participar nas actividades da sua terra, o que lhe permitiu o usufruto de novos momentos de felicidade.
E toda vida desta idosa abandonada, tinha mudado numa véspera de Natal, altura em que o mais importante não é receber nem reivindicar, mas sim partilhar, dar e preocupar-se com os outros.
PS: Em relação à passagem do rei suevo Hermerico ou Ermerico por Esmoriz (após a sua abdicação ao trono em 438) é necessário referir que não se encontra minimamente fundamentada, apesar de existir quem defenda que a origem do nome de Esmoriz advém do nome deste soberano. Claro que existe uma necrópole em Gondesende que remonta a esse período suevo-visigótico, mas não podemos retirar grandes conclusões sobre tal facto. Aliás, esta história é totalmente fantasiada, sobretudo para atrair a atenção dos mais jovens. Os nomes utilizados neste conto são todos fictícios, excepto a referência ao soberano Hermerico.
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Por fim, o Cusco de Esmoriz deseja a todos os seus leitores um feliz e harmonioso Natal. É altura de recordar o nascimento do Menino Jesus, e de conviver com as nossas amadas famílias. Esqueçam os problemas da vida, e desfrutem do momento com amor e alegria.
Esta palestra da Dona Palmira, embora que fantasiada, foi narrada duma forma tão convincente que os pobres miúdos acreditaram que se tratava dum dogma, isto é, duma verdade absoluta. Contudo, o efeito dos seus avisos conheceria um sentido inverso. Os adolescentes sentiam a adrenalina num ponto máximo, e adorando o factor risco, não hesitariam em conhecer a lagoa e o seu meio envolvente, seguindo o caminho que se localiza a norte dos Campos de treinos do Sporting Clube de Esmoriz, e tentando assim encontrar algum indício que remetesse para a presença da célebre feiticeira imortal que lendariamente estaria radicada naquele extenso espaço natural. É claro que os dois adolescentes tomaram esta atitude sem avisar previamente os seus pais.
Estávamos na tarde do dia 24 de Dezembro de 2018. Os dois adolescentes tiveram que derrubar a vegetação que, por vezes, obstaculizava os acessos tradicionais explorados pelos humanos. Entretanto, uma vespa tonta quase que atingira a cabeça de Marta que conseguiu escapar a uma ferradela que lhe poderia causar imensas dores. Como sempre, Rodrigo manteve a calma e a frieza necessárias para que seguissem o caminho traçado sem serem feridos por algum animal inesperado. Pelo trajecto, observavam ainda no solo: embalagens, preservativos, sacas, cascas de banana... Enfim, a falta de consciência cívica era gritante.
Por fim, e quando já começavam a avistar as águas da lagoa e os antigos pegões da ponte desaparecida, eis que os arbustos mexeram-se repentinamente... e do seu meio saiu uma senhora, aparentemente bastante idosa, com verrugas na cara, sendo portadora dum aspecto deveras assustador para qualquer visitante. Apresentava-se vestida de preto, e com um milhafre instalado no seu ombro direito.
Rodrigo, até então calmo, começou a gritar: "Socorro! Acudam-nos! É a feiticeira malvada da Barrinha". Marta estava paralisada de terror, sem esgrimir qualquer reacção. A mulher aproximava-se um passo, Rodrigo afastava-se com dois, enquanto Marta estava ali parada sem exibir qualquer movimento. Tudo isto se repetiu até que aquela idosa alcançou a impotente e pálida rapariga e lhe... fez uma festa no seu cabelo castanho liso!
Aquela não parecia ser pois a feiticeira ou a bruxa sueva que assumia o papel de protagonista na história contada pela mãe de Marta.
Rodrigo, ainda algo receoso, perguntou-lhe:
- Quem és tu, pobre mulher? Não andas envolvida em cenas de pragas e maus olhados?
Ao que a senhora respondeu:
- Chamo-me Luísa, tenho já uns valentes 78 anos, e a vida votou-me a uma situação de abandono e desespero.
Marta, agora mais descansada, desejava saber mais pormenores da sua vida:
- Dona Luísa, o que está aqui a fazer? Você não tem casa?
Luísa sentiu-se forçada a revelar o seu verdadeiro estado de ruína:
- Não, perdi tudo na minha vida. Apenas construí aqui há uns anos atrás, e com a ajuda dum pescador modesto, uma pequena cabana, em parte abrigada por algumas árvores. Estou sozinha e ninguém me deita a mão, quando os temporais e a fome grassam, ameaçando a minha insignificante existência. Mas a minha história nem sempre foi assim tão nefasta como poderão julgar. Também fui criança como vós, tive amigas, sonhos e paixões. Formei-me numa Escola Superior de Educação. Comecei por leccionar dois anos, até que soube do falecimento do meu marido na Guerra Colonial. Os meus pais já não eram vivos. Entrei logo em depressão contínua, pois perdi o homem da minha vida. Na altura, estava grávida e o parto correu bastante mal, perdendo também o meu filho à nascença. A minha irmã que me ajudou a pagar o internamento posterior durante 5 anos, faleceu também pouco tempo depois, vítima de tuberculose. Os traumas psicológicos perduraram, tive que abandonar o professorado em início de carreira, e ninguém me queria dar a mão...
- E ninguém conseguiu auxiliá-la? Nunca mais teve um emprego? Questionava Rodrigo que não queria acreditar neste desfecho dramático.
- Sim, fui a várias entrevistas nas últimas décadas. Colocaram-me sempre de parte, pelo facto de ter permanecido desempregada bastante tempo. Para além disso, não possuía uma imagem facial que me favorecesse, e claro, faltavam-me sempre as cunhas ou os conhecimentos inter-pessoais que fazem, cada vez mais, a diferença. Acabei na miséria, esquecida e discriminada pela sociedade. Alguns julgam mesmo que sou mulher de má vida, pois me observaram tantas vezes a entrar na Barrinha, e pensam que vendo o meu corpo e alma. Mas eu não sou dessas... Vivo aqui numa estrutura rudimentar, com uma mísera pensão estatal e através de algumas esmolas dos mais caridosos que me asseguram assim uma alimentação mínima, apesar de muito incompleta. Mas essas quantias não dão sequer para ir a um bom médico, fico adoecida na minha cabana, suportando o frio que o clima nos impõe nesta época do ano. Mas ninguém quer saber de nós para nada. Sou apenas mais uma pessoa que faz parte do extenso grupo dos sem-abrigo, logo não tenho direitos nem deveres. É como se não fizesse parte da comunidade. Somos vistos como autênticos trapos e empecilhos!
Esta explicação da Dona Luísa comoveu os dois adolescentes que ficaram desolados com a sua situação deplorável e radicalmente injusta.
A vida sempre foi mesmo assim. Infelizmente, muita boa gente conhece os níveis que se encontram abaixo do limiar da pobreza. Os sucessivos governos ignoram esta realidade, as cunhas continuam a ser o prato de cada dia para se conseguir um bom emprego, o egoísmo continua a caracterizar esta sociedade que discrimina os mais necessitados... Que, ao menos, Nosso Senhor se lembre dos mais desfavorecidos neste dia especial, que os abrigue no seu conforto e lhes reavive as boas recordações que tiveram no passado!
Rodrigo trazia consigo uma sacola às costas, onde guardava uma sanduíche e um sumo bem saborosos, acabando por os ceder à idosa desconsolada, postura que mereceu a imediata reacção da Dona Luísa:
- Não posso aceitar isso tudo, prefiro antes dividir convosco estes alimentos. Importa pois é partilhar aquilo que temos num dia tão simbólico como este. Agradeço imenso o teu gesto. É pena que nem todos se lembrem de nós que vivemos diariamente num autêntico Inferno, sem nunca termos desejado mal a outrem.
E assim foi! Durante as próximas duas horas, as nossas três personagens tiveram a oportunidade de lanchar e conversar sobre os felizes e infelizes acontecimentos da vida. Contemplaram ainda as inúmeras gaivotas que sobrevoavam a lagoa, e as tainhas que saltavam na lagoa. A Natureza proporcionava pois todos estes momentos maravilhosos, sendo que por vezes, também ela era abandonada, ignorada e desrespeitada pelas sociedades.
Logo que chegaram às suas casas, Marta e Rodrigo avisaram seus familiares e amigos sobre o sucedido. Por sorte, a Dra. Catarina, mãe de Rodrigo e licenciada em Sociologia, que detinha um estatuto privilegiado, conseguiu mesmo prestar uma ajuda decisiva em termos de apoio social. Dentro deste contexto, a Dona Luísa foi imediatamente alvo de atenção cuidada dos serviços sociais que lhe asseguraram uma solução mais digna em termos de habitabilidade e subsistência. Até ao fim da sua vida, teve ainda a oportunidade de estreitar contactos com outras pessoas da sua idade, e participar nas actividades da sua terra, o que lhe permitiu o usufruto de novos momentos de felicidade.
E toda vida desta idosa abandonada, tinha mudado numa véspera de Natal, altura em que o mais importante não é receber nem reivindicar, mas sim partilhar, dar e preocupar-se com os outros.
Imagem nº 1 - Hoje, é o dia ideal para pensarmos nas dificuldades de quem merece, pelo menos, passar um Natal com dignidade. (Foto meramente exemplificativa)
Retirada de: http://www.idadecerta.com.br/blog/?tag=menina
PS: Em relação à passagem do rei suevo Hermerico ou Ermerico por Esmoriz (após a sua abdicação ao trono em 438) é necessário referir que não se encontra minimamente fundamentada, apesar de existir quem defenda que a origem do nome de Esmoriz advém do nome deste soberano. Claro que existe uma necrópole em Gondesende que remonta a esse período suevo-visigótico, mas não podemos retirar grandes conclusões sobre tal facto. Aliás, esta história é totalmente fantasiada, sobretudo para atrair a atenção dos mais jovens. Os nomes utilizados neste conto são todos fictícios, excepto a referência ao soberano Hermerico.
________________________________________________________________________"________
Por fim, o Cusco de Esmoriz deseja a todos os seus leitores um feliz e harmonioso Natal. É altura de recordar o nascimento do Menino Jesus, e de conviver com as nossas amadas famílias. Esqueçam os problemas da vida, e desfrutem do momento com amor e alegria.
Imagem nº 1 - Um Feliz Natal para todos! Que o Pai Natal traga boas prendas para todos vós!
Retirada de: http://anamgs.blogspot.pt/2011_12_01_archive.html
Imagem nº 2 - É altura de comemorar o nascimento do nosso Salvador - Jesus Cristo!
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