As obras deverão arrancar em Março, segundo o que revelou, em primeira mão, o Movimento Cívico Pró-Barrinha. Até aqui, parece-nos uma excelente novidade, tendo em conta as décadas de espera demorada.
Logicamente, todos (ou quase todos) defendemos a realização de intervenções de reabilitação em torno do maior sistema lagunar localizado a Norte do País. Mas é igualmente evidente que teremos de manter o foco na questão, mesmo quando as obras arrancarem. De facto, temos de estar atentos ao desenrolar das obras. Exercer a nossa cidadania também passa por aqui, e por isso, apelo, em primeiro lugar, aos esmorizenses para que acompanhem todo este processo.
Dentro deste contexto, continuamos a pugnar pela eliminação das fontes poluentes. Sem isso, as obras só conhecerão um impacto exterior e não resolverão portanto o cerne da questão. Enquanto a contaminação subsistir, a Barrinha nunca voltará ao antigamente, pois as suas águas permanecerão impróprias para banhos ou para a realização da actividade pesqueira. E esta é uma dura verdade à qual ninguém pode fugir.
Por outro lado, achamos que o desassoreamento previsto não pode traduzir-se em proporções mínimas ou superficiais, visto que a lagoa cada vez mais está a perder profundidade. Como prova desse facto, recordo que, no passado dia 29 de Fevereiro (aquando do evento promovido pela SPEA & Toyota), o nível da água ficava apenas pelos joelhos, isto na distância entre os velhos pegões da ponte que existiu outrora no século XIX. É verdade que a Barrinha estava, na altura, aberta ao mar, mas o cenário não deixa, ainda assim, de ser preocupante. Se o desassoreamento não for bem conseguido, então esqueçam o cais flutuante, porque assim nunca haverá uma circulação regular de barcos (mesmo que estes sejam de pequenas dimensões).
Por outro lado, reconhecemos que a configuração exterior da lagoa será melhorada. Aplaudimos a reconstrução da ponte entre Esmoriz e Paramos que será envolta de passadiços (embora estes não devam circundar a lagoa por inteiro; no nosso entender, deveriam ser apenas intercalados com a ponte e seguir apenas pela margem ou litoral), e também aceitamos a criação de um cais flutuante (todavia, a dragagem tem de ser bem realizada, como afirmamos anteriormente) e de um posto de observação da avifauna. Mas até nestes pontos, pugnamos pela adopção de alguns critérios. Em primeiro lugar, as obras devem decorrer sem afugentar a avifauna existente no local. A biodiversidade é uma das principais riquezas deste sítio natural. Em segundo lugar, as estruturas construídas devem ser resistentes e bem suportadas, tendo em conta a ocorrência de potenciais cheias na Barrinha de Esmoriz. Em terceiro lugar, é necessária uma vigilância apertada no lugar, de modo a evitar situações de vandalismo que infelizmente têm sido recorrentes na nossa zona durante os últimos tempos. Achamos portanto estas questões essenciais.
Por fim, não permitiremos que a Barrinha deixe de albergar o seu lado selvagem e a sua biodiversidade para se tornar numa lagoa exclusivamente turística para consumo humano. Não é isso que pretendemos. Desejamos sim é uma conciliação equilibrada e harmoniosa das duas vertentes.
Pelo menos, essa sim seria a Barrinha que muitos conheceram no passado!
Foto - Movimento Cívico Pró-Barrinha
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