Comunicado: O CDS-PP em Ovar e o síndrome de Trump-Ventura
O Bloco de Esquerda de Esmoriz vem, por este meio, lamentar que o síndrome de Trump-Ventura tenha tomado dimensões de pandemia e alcançado a freguesia de Esmoriz. A nossa candidatura tomou conhecimento das declarações proferidas pelo cabeça de lista do CDS-PP a Esmoriz que pretende desmerecer várias candidaturas à Assembleia de Freguesia de Esmoriz (salientando o carácter de exceção das candidaturas da direita), pelo simples facto de serem encabeçadas por cidadãos não naturais da freguesia. Sobre a pretensa ausência de vivência cívica e política da freguesia, por parte do nosso cabeça de lista, João Santos, ou de qualquer outro membro da nossa candidatura, não comentaremos. A militância política e cívica não se fazem só da ribalta, da procura de destaque ou outras formas de visibilidade. Há militância e vivência mais discretas e nem por isso menos militantes. Há política e há politiquice. E lamentamos que a politiquice do síndrome Trump-Ventura e a tentativa de capitalização do voto demagógico e bairrista tenha subido novamente à cabeça do CDS-PP. Gostaríamos de ver esclarecidas, por parte desta candidatura, as seguintes questões: (i) o que torna uma candidatura mais legítima que a outra? (ii) Qual o período mínimo de residência numa freguesia para que um candidato possa ser um bom candidato? (iii) Que lei informal vigora na freguesia: o jus solis (só candidatos naturais da terra são bons candidatos) ou o jus sanguinis (só os candidatos filhos de esmorizenses são bons candidatos)? Lembramos que, de acordo com a lei nacional, estrangeiros residentes há mais de cinco anos têm direito a votar e a constituírem-se candidatos nas eleições autárquicas. Alertamos ainda a candidatura do CDS-PP que entre o bairrismo exacerbado e o nacionalismo exacerbado a diferença é apenas de grau. Para o CDS-PP, qual o limiar razoável para que um freguês seja um bom candidato esmorizense? E dizemos CDS-PP pois a julgar pela aprovação (os famosos “likes” do facebook), por parte dos restantes cabeças de lista do partido (à Câmara Municipal e à Assembleia Municipal), das palavras do candidato à Assembleia de Freguesia de Esmoriz, esta é provavelmente a posição oficial do partido! Ficamos a pensar o que pensaria o mais proeminente líder deste partido, Paulo Portas, que durante anos a fio se elegeu para a Assembleia da República por um distrito que não o viu nascer – o de Aveiro. E o que terá a candidatura autárquica do CDS-PP de Ovar a dizer ao seu anterior líder partidário? Por outro lado, em jeito de provocação didática, fica a pergunta: se um candidato nascido no concelho de Santa Maria da Feira, residente em Esmoriz há cerca de uma década e com militância política na freguesia é um candidato de “mas”, que palavra usaria o CDS-PP para descrever um candidato estrangeiro que se tenha tornado residente há mais de cinco anos? A ligação de uma pessoa a uma terra é afinal coisa de sangue, de solo... ou de coração, como tantos “bons esmorizenses” gostam de salientar? Por fim, pensamos ser pertinente lembrar o CDS-PP que uma boa parte dos residentes em Esmoriz não nasceu na freguesia e que não é com discriminação que se atrai novos fregueses para Esmoriz.
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