Ainda estamos na época da silly season das autárquicas. Já se conhecem alguns candidatos, mas não sabemos que "reforços" farão parte das suas listas bem como as ideias sonantes que propõem para o concelho e para a sua freguesia. Mas há quem queira arrancar bem cedo, estando já praticamente em campanha.
Henrique Araújo, responsável pelo Movimento 2030, já instalou vários cartazes pelo concelho e tem feito algumas arruadas pelas freguesias, conversando com os munícipes. Ninguém pode negar que o antigo adjunto do Presidente da Câmara Municipal de Ovar se mexe depressa, aproveitando da melhor forma possível o tempo. Aliás, recentemente Henrique anunciou que se iria focar a 100% na sua campanha. Até onde irá o Movimento 2030? Ninguém sabe. Os cenários podem ser diversos: desde um desaire total ou a um eventual sucesso com a entrada directa na vereação ou fazendo eleger deputados para a Assembleia Municipal ou Assembleias das Freguesias (visto que o Movimento terá candidatos em todas as localidades).
Salvador Malheiro, Presidente da Câmara Municipal de Ovar, parte como favorito à reeleição para o terceiro mandato, e para já, prevê-se que algumas obras determinantes venham a ser concretizadas durante este ano. De um modo geral, fez um bom primeiro mandato entre 2013-2017, enquanto que o segundo mandato (2017-2021) ficou inevitavelmente marcado pelo combate à pandemia da COVID-19 - aqui neste ponto, penso que o autarca esteve bem, contudo em termos de obra física, e talvez devido à conjuntura adversa, houve algum abrandamento. Todavia, Salvador Malheiro tem carisma e popularidade, e conta já com uma estrutura sólida que tem vindo a cumprir, na generalidade, os objectivos delineados.
Alcides Alves foi a aposta do Partido Socialista para a Câmara Municipal de Ovar. Os socialistas podem melhorar o resultado de 2017, insistindo na ideia de que o agravamento social e económico no concelho tem sido uma realidade devido ao impacto da pandemia, exigindo para isso mais medidas da autarquia. A ideia de esboçar um projecto a longo prazo também me parece ser algo que os socialistas poderão aproveitar de forma a cativar o eleitorado. Mas claro, é essencial montar uma boa equipa e recolher apoios sonantes para a sua candidatura. Só assim, o Partido Socialista poderá ter algumas hipóteses de concorrer com o PSD em Ovar.
Mário Rui Natária é um independente que aceitou o convite de Fernando Almeida para ser o cabeça-de-lista do CDS-PP para as autárquicas de 2021 em Ovar. Os centristas têm sido, no entender de muitos, o partido da oposição mais interventivo no concelho, e isso se deve ao trabalho do líder da concelhia e deputado municipal (Fernando Almeida). O CDS-PP tem lançado vários comunicados nas redes sociais, alertando para inúmeras questões, e também os seus elementos já se começam a mexer na rua. Os centristas procuram manter ou até mesmo reforçar a sua presença na Assembleia Municipal de Ovar.
Relativamente a Bloco de Esquerda e PCP, ainda não conhecemos os seus candidatos oficiais, mas não se podem deixar atrasar por muito mais tempo, embora os seus representantes políticos, nomeadamente Eduardo Ferreira, Ismael Varanda e José Lopes (pelo Bloco de Esquerda), Miguel Jeri e Paulo Pereira (pelo PCP) tenham feito recentemente discursos muito assertivos, exigindo melhores condições sociais e laborais (e acessos básicos à saúde) para a população vareira.
Corre também o rumor de que o partido Chega poderia formar uma delegação em Ovar, mas até agora não há qualquer evidência concreta que fundamente essa hipótese.
Em jeito de primeiro rescaldo, podemos ter um debate eleitoral interessante e claro, é nessa convergência ou divergência de ideias e argumentos, que podem nascer projectos inéditos e originais que devem merecer a observância de todos.
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