quinta-feira, 11 de abril de 2013

Hoje vamos ao museu II

Meninos e Meninas, antes demais, deitem as chiclet's fora e desliguem os vossos telemóveis, pois neste museu virtual exigimos sempre a vossa especial atenção. Ah já agora parem de se rir, pois toda a concentração é necessária!
Exposto isto, vamos entrar no segundo museu virtual da nossa terra (o primeiro já visitamos há 1 mês e o feedback foi tremendamente positivo). Por isso, peço agora a vossa atenção, por favor!
No primeiro piso, encontramos inúmeras imagens sobre os povos bárbaros que arruinaram com o Império Romano do Ocidente. Eles são os vândalos, os visigodos, os suevos, os alanos, os hunos (do terrível Átila), os ostrogodos, os germanos, os francos... Enfim, um conjunto de tribos selvagens com as quais não gostaria certamente de conviver. Contudo, neste caso, interessam-nos mais os visigodos e os suevos, pois são eles que irão instalar-se na Península Ibérica. Para além dos quadros que podemos apreciar neste piso, há uma página exposta em grande destaque - é da autoria de Aires de Amorim e diz o seguinte:


"Com a invasão dos suevos (409) e dos visigodos (585), não se alteraram as demarcações das vilas, antes conservaram a sua estrutura. Parece ter sido dos povos germânicos a necrópole descoberta em 1931, no Chão do Grilo ou Quinta Nova, em Gondesende, onde apareceram 24 sepulturas (segundo o seu proprietário, Manuel Alves de Oliveira, da Estrada Nova, deve no local haver mais de 70), uma das quais media 2,20 m. de comprimento, 0, 60 m. de largo, na cabeceira, e 0,40 m. aos pés, e 0, 35 m. de alto. Eram cobertas com lages. Não usavam a incineração. As inumações eram muito pobres, não se tendo encontrado objectos de cerâmica ou metálicos. Foram recolhidos alguns restos ósseos, alguns tijolos, «tegulae», apresentando estas sulcos digitais ondulados. As sepulturas tinham as cabeceiras a poente e eram, em geral, de tipo trapezoidal; as paredes e capeamento eram de lousa. Algumas cabeceiras eram de tijolos, um dos fundos era forrado de telhas invertidas" (leia-se AMORIM, Aires de - Esmoriz e a sua História, p. 17)


Ah quando eu li o termo necrópole, reparei telepaticamente que algumas pessoas aí em casa torceram o nariz, mas eu digo-vos o que é! Sempre aprendem alguma coisa, em vez de estarem a ver as telenovelas portuguesas ou o canal 5 do Parlamento! 
Uma necrópole é uma espécie de cemitério antigo, estrutura que encontra origens milenares na história do Homem! 
Exposto isto, é notória a associação de Esmoriz ao período de instalação destes povos bárbaros. A necrópole atesta assim a presença duma comunidade bastante antiga na nossa terra.
Eu sei que há algumas críticas aí em casa porque não há nenhuma imagem sobre o local da necrópole, aliás muitos dos esmorizenses desconheciam até este facto. Mas não se preocupem que eu vou pedir o livro de reclamações deste museu, pois não se justifica tantos quadros gerais sobre os povos bárbaros, sendo que nenhum deles se reporta a Esmoriz nem ao espaço físico da necrópole (Gondesende). Aliás, nem sequer conhecemos a sua localização exacta. Será mais um local deixado ao abandono? Será que alguém sabe aonde fica este espaço? Chão do Grilo? Quinta Nova? A desinformação é lamentável. Nem sei se na Junta nos poderão dar essa informação... Se souberem, por favor digam-me, pois tenciono ir tirar lá umas fotos para depois doar a este Museu, pois eu sou um grande benemérito de Esmoriz!



Imagem nº 1 - Os bárbaros também chegaram a Esmoriz! Cuidado com eles! Este vem a correr na nossa direcção! 


Agora vamos para o segundo piso, no qual estaremos perante uma nova temática. Eu acho que vão gostar! Mais uma vez, Aires de Amorim apresenta na sua obra magnífica alguns mitos medicinais que parecem ter encontrado eco em Esmoriz nos tempos mais antigos. Vou dar-vos cinco exemplos que estão afixados nesta nova sala do museu! Se quiserem, podem testar estas "curas" antiquadas em casa, mas eu não me responsabilizo por nada!

Diarreia - comia-se a flor do cardo, com pão. Infusão de folhas de videira, ou do fruto do catapereiro ou de barba de milho branco, seca.

Dor de dentes - gargarejava-se a boca com vinagre, em que se cozeu alecrim.

Escaldadela - aplicava-se imediatamente excremento de bovino. Durante vinte e quatro horas, demolhava-se um pouco de unto de porco, esmagava-se bem e untava-se a parte lesada; ou, então, deitava-se água a ferver em pevides de marmelo, até ficarem em estado oleginoso, e depois, aplicava-se.

Feridas - picando-se alguém num prego, era bom tirá-lo e espetá-lo numa cebola. Se alguém se magoava, fazendo sangue, deitava-se na ferida açúcar e uma teia de aranha, ligando em seguida (...).

Soluços - Quando alguém soluçava, sem ser de choro, costumava-se dizer: "parece que comeste açúcar...".

(AMORIM, Aires de - Esmoriz e a sua História, p. 505-507)



Imagem nº 2 - Cuidado com os efeitos secundários da Medicina Popular! Mas podem tentar aí em casa, mas eu não me responsabilizo por nada! Eh eh eh

Agora vamos subir as nossas escadas até ao Terceiro e Último Piso. Eu sei que vocês já estão um pouco cansados de me ouvir, mas agora vamos falar da nossa rica praia!
Eu já vi lá gente conceituada e olhem que eu não me refiro às elites cá da terra. Por exemplo, eu tive a honra de observar uma atleta olímpica (Vanessa Fernandes). 
Mas a nossa praia é notoriamente reputada, atraindo inúmeras pessoas. E quando a Barrinha, de outros tempos, penetrava por esse espaço, eu diria mesmo que tínhamos um dos espaços mais lindos e invejáveis do País. Infelizmente, sou um jovem com apenas 25 anos, e por isso, não tive a oportunidade de viver esses tempos de ouro. Mas conheço dezenas (se não centenas) de testemunhos de pessoas mais velhas do que eu, que comprovam a alegria, a emoção e a magnificência desses tempos. As Praias de Esmoriz e de Cortegaça chegaram a ser as melhores do Norte de Portugal, isto de acordo com uma votação promovida pelo Diário do Norte em 1950.
Mesmo sem a "contribuição estética" da Barrinha dos outros tempos, a Praia de Esmoriz consegue ser ainda uma das melhores da região. Temos turistas oriundos de diversos países! As discotecas, as esplanadas, os bares, os cafés, os restaurantes, os palheiros, o parque, escolas de surf, redes de voleibol, tudo isto se localiza junto à nossa costa! A nossa Praia tem qualidade atestada pela Bandeira Azul! Temos os melhores bombeiros do País que prestam socorro imediato! Somos uns privilegiados! Bora dar um mergulho?



Imagem nº 3 - Que quadro antigo bonito sobre a Praia e a Barrinha de Esmoriz!



Imagem nº 4 - A nossa praia é maravilhosa!
Foto da autoria do Cusco de Esmoriz


Pronto! E chegou ao fim mais uma visita que foi obviamente gratuita. Eu sei que fui um bocado chato, mas espero que tenham aprendido algumas coisas! Agora sim, estão dispensados e podem ir lanchar ou almoçar, pois é isso que eu vou fazer. Estou um pouco desgastado até porque tal apresentação obrigou-me a desperdiçar infinitas calorias!
Por isso, um abraço e já agora agradeço a atenção que disponibilizaram!

2 comentários:

  1. Olá
    mais um muito bom post.
    Algumas «achegas» ao mesmo:
    Mesinhas populares: li há algum tempo que urinar, isso mesmo, urinar sobre o local imediatamente após uma queimadura ajuda a aliviara a dor e a minorar a destruição da pele.
    Frequentadores «in» da Praia de Esmoriz : para além de Vanessa Fernandes, o ex-Presidente da Câmara Armando França é presença assídua.

    Sugestão: Que a nova Junta de Freguesia sinalise e divulgue todos esses locais que fazem parte da História de Esmoriz. Basta vontade e sobra a necessidade de grandes verbas.

    Cumprs
    Augusto

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    1. Olá Augusto

      looooolll Confesso que desconhecia essa terapia sobre a pele.
      Sim, a sua sugestão à Junta é pertinente. Poderiam inclusive marcar esses locais com placas que mencionassem uma pequena descrição histórica do local, atestando assim a importância do mesmo.

      Abraço

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