Os Maias constituíram uma civilização fascinante, mas também misteriosa da América Central. O seu império terá sido visível entre 2000 a.C. e 900 d. C. Estamos a falar dum extenso período (quase 3000 anos de existência!). Os dialectos existentes deveriam ser inúmeros. Conhecedores da escrita/epigrafia, de notáveis saberes astronómicos (possuíam o seu próprio calendário) e matemáticos (o valor zero e as casas decimais já existiam no seu modelo), e ainda responsáveis por uma arquitectura até então inovadora, as tribos maias dignificavam uma cultura, completamente alheada da Europa e do restante Mundo até então conhecido. A sua agricultura assentava na produção de cacau, sal, milho, feijão, algodão e tabaco. O comércio era praticado, baseando-se na troca de géneros alimentares. É verdade que estes povos americanos cometiam actos de canibalismo (talvez encarado como um ritual de "apropriação" do espírito dum adversário ou um acto de honra dedicado aos seus Deuses) e adoravam, em termos religiosos, os elementos naturais (as suas Divindades residiam na Natureza).
A estrutura social estava longe de ser igualitária (o mesmo também podíamos dizer em relação aos tempos do feudalismo medieval exibido na Europa Cristã). Governantes, nobres e guerreiros constituíam as classes privilegiadas. O mesmo não podemos dizer dos camponeses e artesãos que tinham de trabalhar arduamente e saldar elevados impostos. Por fim, os cativos eram alvo de sacrifícios humanos em honra dos seus Deuses.
É imperioso assinalar ainda que perduravam várias etnias neste Império Maia - são os casos dos huastecas(não confundir estes com os inimigos aztecas), quiche-maia, tzental-maia e tzotzil.
Imagem nº 1 - O Império Maia ficava na América Central. Mais a norte (talvez na zona do actual México), eram os rivais Aztecas quem mantinham os principais domínios.
Retirada de: http://www.sohistoria.com.br/ef2/maias/
Imagem nº 2 - O Calendário Maia pouco distava dos nossos actuais, dado que o mesmo chegou a contabilizar 365 dias por cada ano (veja-se calendário solar - haab)
Retirada de: http://www.sohistoria.com.br/ef2/maias/
Imagem nº 3 - A Pirâmide Maia de Chichén Itzá.
Imagem nº 4- Templo em Tikal - local que se situa na actual Guatemala. Durante muito tempo, foi a principal cidade maia, contando com uma população considerável (no seu auge, poderia ter atingido entre os 100 000 e os 200 000 habitantes).
Retirada de: http://pt.wikipedia.org/wiki/Tikal
Todo esta hegemonia era inegável. Exceptuando os rivais Aztecas e os distantes Incas, os Maias não encontraram civilização à sua altura no Continente Americano no período que antecedeu os Descobrimentos que partiram da iniciativa europeia. A maior parte das tribos não possuía uma organização coerente nem uma estrutura complexa que assegurasse resultados práticos. A superioridade maia era, de facto, uma realidade e o seu legado (assentado em templos e memórias epigráficas) espantou os colonizadores europeus (nomeadamente os espanhóis) nos séculos XV-XVI.
Contudo, antes da chegada destes, o Império Maia entraria em declínio total por volta do século IX d.C. A queda é descrita por muitos estudiosos como súbita e vertiginosa. É verdade que hoje se refere correctamente que muitos descendentes dos Maias vivem actualmente na América Central, porém ninguém pode negar o desaparecimento sinistro, não da civilização em si, mas dum Império que possuía os melhores argumentos político-culturais no seu Continente. O que é que terá causado um desfecho tão dramático e imprevisível?
Não existem memórias escritas nem provas arqueológicas que assegurem certezas absolutas neste dossier polémico que já mereceu infinitos debates. Para já, só posso assegurar, com exactidão e frieza, a exclusão de duas "falsas" causas. Por um lado, os espanhóis derrubaram os Impérios Azteca e Inca, mas não o Maia (como já disséramos antes, não existia tal entidade política nos séculos XV-XVI). Por outro lado, negamos a possibilidade dum rapto extraterrestre que, até prova em contrário, não passará duma fantasia sem fundamento real. É evidente que não deixa de ser estranho o desaparecimento tão acelerado e brusco dos Maias, mas há certamente outras hipóteses que merecem melhor acolhimento no panorama científico.
A Seca que se abateu na região por volta de 900 d. C. (ou já um pouco antes) terá originado insuficientes colheitas, semeando a fome e a sede no Império Maia. Como consequência, a crise económica parecia ter-se instalado definitivamente. A pressão demográfica deveria ser enorme. Não tarda nada começaria o descontentamento, o que talvez se traduziu em posteriores revoltas. As rivalidades aumentam entre as elites do Império. Uma guerra civil sangrenta parecia eclodir. O abandono das grandes cidades começa a ser notório e tal terá originado a sua desertificação (quase) total. O especialista Eduardo Natalino refere que "as cidades mais poderosas construíam os maiores edifícios, o que exigia aumento de tributos, do número de trabalhadores e dos prisioneiros que eram capturados e sacrificados em homenagem aos deuses. Tudo isso pode ter gerado a pressão social necessária para que as camadas mais pobres se revoltassem e abandonassem os núcleos urbanos e seus arredores para se refugiarem na selva, onde estariam livres dessas obrigações". Também todo este processo poderá ter sido encarado como um castigo divino, aterrorizando ainda mais o povo maia.
Mas a evolução negra dos acontecimentos não terá ficado por aqui. Era uma questão de tempo até os réis serem responsabilizados de todo o mal que grassava nas comunidades. Uma descoberta arqueológica recente na Guatemala parece "alimentar" todo este cenário explosivo. 50 esqueletos foram encontrados em Cancuen, antiga cidade maia, por volta de 800 d. C. (isto é, pouco tempo antes do desaparecimento do Império). Pelas análises efectuadas, não há dúvidas que foram mutilados de forma macabra. Pelo que apuramos, teriam sido aí encontrados objectos valiosos que indiciavam a pertença de alguns desses restos mortais a um alegado rei e/ou uma rainha sepultados também nesse local com dezenas de companheiros, também eles vítimas do massacre hediondo. De facto, julgam os investigadores que toda a sua corte foi exterminada com golpes de lança ou machadas por parte de conquistadores ou rebeldes não identificados. Certo é que a cidade de Cancuen acabaria por ficar deserta com o presumível desaparecimento da sua família real. É claro que as investigações prosseguem, mas os factores parecem ter sido estes, na nossa óptica. Sistematizando, foi este o ciclo que terá determinado o fim do Império, cujos feitos atrairiam, mais tarde, a curiosidade de muitos europeus:
SECA + FRACA PRODUÇÃO AGRÍCOLA + FOME + SEDE = CRISE ECONÓMICA
RIVALIDADES ENTRE CIDADES/ELITES + SEDE DE PODER + "REGICÍDIOS" = CRISE POLÍTICA
PRESSÃO DEMOGRÁFICA + TRIBUTOS PESADOS + DESIGUALDADE EXTREMA + FOME/SEDE + DESCONTENTAMENTO = CRISE SOCIAL
Imagem nº 5 - As guerras internas terão acelerado o desaparecimento do Império Maia.
Actualmente, existem cerca de 6 milhões de descendentes dos Maias distribuídos pelo México, Belize, Guatemala, El Salvador, Honduras... Mas é certo que o seu auge remonta ao passado, o qual se esgotou com a queda acelerada e aparentemente macabra do seu Império.
Fontes Consultadas:
- http://guiadoestudante.abril.com.br/aventuras-historia/destino-maias-433899.shtml, (19-06-2013).
- http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe1811200501.htm, (19-06-2013).
- http://veja.abril.com.br/noticia/ciencia/queda-da-civilizacao-maia-foi-causada-por-leve-seca, (19-06-2013).
- http://www.infoescola.com/civilizacoes-antigas/calendario-maia/, (19-06-2013).
- Wikipédia e Infopédia
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