Esmoriz está prestes a comemorar 22 anos de elevação a cidade, materializando todo um percurso histórico que é fiel ao lema em latim "Virtus in Labore" que remata, com suprema justiça, o ilustre brasão da Cidade de Esmoriz.
O "Arraial da Barrinha" é a prova máxima do que acabamos de afirmar. Nem poderia ser doutra forma! São 11 dias de diversidade cultural, artesanal e gastronómica (desde 25 de Junho até 5 de Julho). Nada disto seria possível se não existisse uma organização ímpar da Junta de Freguesia de Esmoriz e da Câmara Municipal de Ovar, além do empenho e espírito de sacrifício infindáveis das colectividades que se encontram "barricadas" nos respectivos palheirinhos (estruturas que simbolizam um singular cartão-de-visita da arquitectura típica de algumas habitações da Praia de Esmoriz) montados para transaccionar uma variedade de produtos gastronómicos, cujas verbas reunidas serão, em grande parte, utilizadas para financiar novas actividades futuras que serão do interesse da comunidade esmorizense. Estamos perante um enorme voluntariado que viabiliza a magnificência e dinamismo destas festas. Sem esta abnegação majestosa, a cidade de Esmoriz só teria, neste momento, uma praia e um parque ambiental para "oferecer" aos turistas.
A rotina diária festiva recomeça quando o sol farto dum dia de praia, pega na sua toalha e começa a ocultar-se do céu. Seguem-no também os banhistas, embora estes apenas se limitem a abandonar a praia, despedindo-se igualmente do mar. Mas aqueles têm agora um motivo bastante forte para não rumarem prontamente às suas moradias, e permanecerem assim nas imediações da zona à beira-mar. É que, por volta das 18 horas, os palheirinhos procedem à sua abertura, apresentando uma invejável montra recheada de diversos produtos de gastronomia (inúmeras bebidas, cachorros, bifanas, rojões, tostas, hambúrgueres, fatias de bolos, salgadinhos, sopas, caldeiradas, papas, leitões, sardinhas, enguias...). De acordo com a afluência observada nos últimos dias, o final de tarde ainda não é muito movimentado, mas já se começa a denotar a curiosidade de algumas pessoas que circulam no seu seio. Às 20 horas, um número significativo de cidadãos já se encontra ali a jantar com os seus familiares ou amigos. Por volta das 22 ou 23 horas, o cenário almeja finalmente o seu clímax. As mesas que ladeiam a franja terminal da Avenida da Praia encontram-se totalmente ocupadas por um número incontável de consumidores, a circulação pelo "corredor central" torna-se seriamente congestionada, e o palco, localizado nas proximidades do paredão, reveste-se dum mar de gente que praticamente sufoca tudo o que se encontra no seu redor. É uma autêntica assembleia do povo!!! Nestes dias, Esmoriz dá a provar a todos o melhor da cozinha portuguesa e da música regional e nacional. No passado dia 26 de Junho, a actriz e cantora Rita Ribeiro acompanhada pela sua filha Maria Curado Ribeiro deslumbraram a plateia com o prestigiante trabalho musical "Mundo em Nós". Aquela conceituada personalidade da televisão, teatro e música portuguesas contou-nos um pouco da sua história de vida que se pautou pela exemplaridade e uma colorida categoria. Entretanto, muitos são aqueles que já aguardam pelo espectáculo do dia 5 de Julho que trará a Esmoriz a banda dos GNR que promete levar a cidade de Esmoriz à euforia e ao delírio. Mas há mais boas surpresas no que diz respeito a actuações musicais - basta para isso consultar o cartaz festivo dotado da respectiva programação.
Tudo isto não seria possível sem o suor dum tanoeiro empenhado em aperfeiçoar o seu barril com recurso a um malho, sem um pescador que acorda sempre à mesma hora do sol para preparar o seu barco, as canas de pesca e as redes para pescar no mar ou na Barrinha de outrora, sem o suspiro dum cordoeiro que tenciona aprimorar as suas cordas, e sem os demais esmorizenses que, ao longo da história, lutaram para que esta terra plantada à beira-mar se tornasse vila (1955) e depois cidade (1993). Sem estes ingredientes, nada disto seria possível. Aliás, as festas do Arraial da Barrinha, inseridas no 22º aniversário da cidade, nunca teriam acontecido se não tivéssemos alcançado este estatuto citadino.
Em jeito de balanço final, não será de todo desproporcional, afirmar que, por estes dias, Esmoriz será o centro cultural e gastronómico do Distrito de Aveiro, uma autêntica capital de valores e princípios. E aqui há-que reconhecer o mérito dum povo que jamais baixou os braços.
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