sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

Gala do Caco premiou os melhores do XVI Festival de Teatro de Esmoriz

Após dois meses preenchidos de espectáculos para todos os gostos, a colectividade anfitriã, o Grupo de Teatro Renascer promoveu o aguardado encerramento do seu reputado festival. Durante os meses de Outubro e Novembro, os imensos espectadores desfrutaram da possibilidade de observarem alguns dos grandes vultos da arte da representação teatral, nomeadamente João Maria Pinto, António Melo, Almeno Gonçalves, Fernando Ferrão e Joaquim Nicolau. Não nos olvidamos igualmente da participação do músico brasileiro Marcos Assumpção que, no evento de abertura, declamou sonetos de Florbela Espanca.
O Festival terminaria, na noite do dia 28 de Novembro, com a realização da tradicional Gala do Caco, momento que iria premiar as melhores representações individuais e colectivas através da votação exercida por um grupo de jurados que fez questão de estar presente em todas as peças.
Antes de revelarmos os nomes dos laureados, é essencial afirmar que, na noite de encerramento, foram projectados vídeos que atestaram o árduo trabalho que esteve por detrás da organização deste festival e que visaram recordar igualmente os melhores momentos do mesmo. De modo intercalado com a apresentação faseada dos vencedores das mais diversas categorias, houve lugar a episódios comediantes inseridos na representação teatral das "Tecnologias do Caco", e proporcionados pelos actores Cristiano Sá e Conceição Nunes que trataram de animar o serão através de conteúdos hilariantes que culminariam na obtenção de "selfies" fotográficas junto dos premiados deste festival. Há ainda a realçar a apresentação, conduzida de forma dinâmica, por Vera Gomes e Rui Nunes, acompanhados por Rui Tavares que fez um brilharete na viola e no canto.
Como já disséramos, a Gala do Caco foi criada há alguns anos para premiar os melhores nas mais diversas categorias de representação, durante cada festival de teatro realizado em Esmoriz. O "caco" é, neste caso, uma espécie de caneca simbólica que é atribuída, em forma de galardão, a cada um dos laureados.
Dentro deste contexto, os vencedores anunciados na gala foram os seguintes:


Melhor Peça - "A Moura" - Grupo "Teatro Passagem de Nível" (Amadora)

Melhor Actor - Bruno Esteves (Ajidanha - Associação de Juventude de Idanha-a-Nova)

Melhor Actriz - Márcia (Grupo Cénico de Bairros - Castelo de Paiva)

Melhor Sonoplastia"A Moura" - Grupo "Teatro Passagem de Nível" (Amadora)

Melhor Cenografia - "MacBeto" - Grupo de Teatro Contra-Senso (Lisboa)

Melhor Desenho de Luzes"A Moura" - Grupo "Teatro Passagem de Nível" (Amadora)

Melhor Guarda-Roupa"A Moura" - Grupo "Teatro Passagem de Nível" (Amadora)

Melhor Encenação - Porfírio Lopes (encenador da peça "A Moura" do Grupo - Teatro Passagem de Nível - Amadora)


Como podemos rapidamente constatar, a peça "A Moura" do Grupo "Teatro Passagem de Nível" evidenciou-se, em particular, neste Festival, conciliando o drama, a história e um contacto entre duas civilizações com culturas distintas (a cristã e a muçulmana). Assim sendo, esta colectividade sediada na Amadora foi a que arrecadou mais "cacos" (cinco ao todo, se contarmos com o seu encenador).
O Grupo de Teatro Renascer também atribuiu galardões internos aos seus próprios elementos que se destacaram ao longo do festival e deste ano cessante de 2015. Assim sendo, a melhor actriz foi Vera Gomes (desempenhou com excelência o papel de Florbela Espanca no âmbito da peça "Flor Alma Espanca" escrita por Leandro Vale e estreada pelo Renascer na abertura do festival) enquanto que a distinção de melhor actor recaiu em João Gomes. A melhor revelação masculina foi Rui Tavares, enquanto que a revelação feminina foi Leonor Alves. O "prémio dedicação" foi entregue a Alberto Tavares, enquanto que o "prémio prestígio" foi atribuído à empresa Bricopal que forneceu material para a montagem dos diversos cenários.
O evento conheceria o seu desfecho com as intervenções finais de João Gomes (o Presidente do Grupo de Teatro Renascer relembrou que passaram mais de 1500 espectadores, 170 actores e 40 técnicos pelo auditório do Antigo Quartel dos Bombeiros Voluntários de Esmoriz para assistir aos espectáculos), Bruno Daniel Gomes (o Representante da Federação Portuguesa de Teatro enalteceu o crescimento cultural verificado em torno deste festival) e António Bebiano (o Presidente da Junta de Freguesia de Esmoriz  elogiou a qualidade vislumbrada em palco).
Em jeito de balanço final, este Festival voltou a superar as expectativas, o que se traduziu numa maior afluência por parte do público.






Imagem nº 1 - A Peça "A Moura" do Grupo Teatro Passagem de Nível (Amadora) foi a mais premiada.




Imagem nº 2 - Porfírio Lopes, encenador da peça citada em cima, foi também distinguido na sua categoria.




Sinopse/Resumo da Peça Premiada "A Moura" - "Uma princesa moura permanece refém num convento entre Alcobaça e a Vila de Ourém, enquanto espera que o seu destino incerto se decida. (...) Na Vila de Ourém, uma intriga política cresce entre um clima de feitiçaria e um calor feroz que teima em não abandonar aquelas paragens. A cobiça, a ambição, o amor jovem e tardio são as forças em confronto. A princesa Moura chama-se Fátima, o nome da filha de Maomé, apesar de ter sido baptizada com o nome de Oriana no convento onde agora vive. Perto do local onde nos nossos dias se presta o culto à Virgem Maria, algo acontece". A história acontece em Ourém.
Os cenários são uma taberna, o terreiro do Castelo e uma clareira do pinhal entre o Mosteiro e o rio. Data de 1362, reinado de D. Pedro I, “o Justiceiro” - vinte anos depois da Batalha do Salado (1340), onde a filha do Sultão Abnar Hassan Ali, Fátima, é feita refém. Fátima, mais tarde baptizada como Oriana, vive como hóspede no Mosteiro, estando ainda assim condicionada pela regra daquela congregação. O Rei D. Pedro seguido pelo seu séquito, viaja, sempre em montarias e folguedos, por todo o reino de Portugal. Caça agora perto do Condado de Ourém. Dom João Afonso, 1º Conde de Ourém, habita o castelo, sendo D. Rodrigo, seu sobrinho e filho do anterior senhor daquelas terras, o alcaide-mor do castelo. Chega ainda a Ourém, uma cruzada de mulheres e crianças vinda do Norte de Portugal e de Espanha. Têm como objectivo resgatar os seus homens feitos prisioneiros na batalha de Linuesa, (1361). Esta batalha entre cristãos e mouros visava disputar último reduto árabe na península, o reino de Granada.

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