domingo, 18 de junho de 2017

O fogo que veio do inferno

Pelo menos 62 pessoas morreram no incêndio que atinge Pedrógão Grande e outros dois concelhos do distrito de Leiria desde sábado, disse hoje o secretário de Estado da Administração Interna, Jorge Gomes.

O balanço anterior era de 58 vítimas mortais.

"Sempre que venho ter connosco infelizmente trago um número que tem aumentado: temos 62 mortos sendo que dois deles são vitimas de um acidente rodoviário na mesma via", afirmou Jorge Gomes, em declarações aos jornalistas no local.


Sobre o incêndio, o secretário de Estado afirmou que se mantêm as quatro frentes ativas, duas delas a arder "com muita violência" e duas em que os bombeiros estão a conseguir ganhar terreno.

No entanto, Jorge Gomes alertou que as autoridades estão muito preocupadas porque se estão a levantar ventos cruzados, situação que se verificou no sábado e que terá estado na origem deste grande incêndio que deflagrou em Pedrógão Grande.

Sabe o DN que, neste momento, a frente do monte da Graça é a que merece mais preocupação e que os ventos estão a dificultar o combate às chamas.

Questionado sobre as dificuldades sentidas no combate ao fogo, Jorge Gomes diz que estão a ser utilizados os meios que as circunstâncias permitem e, depois de os meios aéreos não terem podido atuar logo desde as 08:00 devido a uma cortina de fumo, um Canadair espanhol já está neste momento no local.

"Estamos a lutar, os nossos operacionais de excelência estão a lutar e vamos vencer esta luta", afirmou.

Sobre a área ardida, Jorge Gomes disse que já foi feita uma primeira vistoria mas uma análise mais minuciosa terá de esperar e acrescentou que no local estiveram membros da comissão parlamentar de Agricultura, que possui um grupo de trabalho para os incêndios, que vieram transmitir a sua solidariedade.

Três dias de luto nacional

O Governo decretou entretanto três dias de luto nacional. O Conselho de Ministros aprovou um decreto que declara luto nacional entre hoje e terça-feira, pelas vítimas do incêndio que deflagrou no Município de Pedrógão Grande e afetou vários concelhos.

Em comunicado, o Governo adianta que este decreto foi aprovado "fazendo uso da faculdade de deliberação eletrónica prevista nos termos do Regimento do Conselho de Ministros".

O decreto, lê-se no comunicado, "produz efeitos a partir do dia 18 de junho de 2017 [hoje] e entra imediatamente em vigor".

Ao início da tarde, o primeiro-ministro António Costa chegou a Pedrógão Grande, onde disse aos jornalistas que "chegará o momento de apurar o que é que aconteceu". "Sabíamos que era um dia de risco, houve mais de 56 incêndios, e este teve uma dimensão de tragédia humana de que não havia memória".

O primeiro-ministro explicou ainda que "a prioridade tem sido dada ao combate aos incêndios que ainda estão a lavrar, à identificação das vítimas, não só as que já foram encontradas como porventura as que ainda vamos encontrar, porque há zonas a que ainda não conseguimos ter acesso, e prever o que pode acontecer logo à tarde", referiu, acrescentando que são esperadas condições meteorológicas semelhantes às de sábado, dia em que o incêndio deflagrou.

Costa frisou ainda que já recebeu manifestações de solidariedade de todos os líderes políticos da Europa e que teve oportunidade de falar com todos os líderes partidários nacionais. "Quero sublinhar o grande sentido de unidade nacional com que o país está a enfrentar esta tragédia".

PJ no terreno

O cenário na zona onde lavra o incêndio é de um castanho queimado, constatou já esta manhã o repórter do DN no terreno. As chamas estiveram a 50 metros do centro de Pedrógão Grande.

A PJ está já a trabalhar no levantamento dos corpos; equipas no terreno estão a fazer deteção de cadáveres, dando depois informação à Polícia Judiciária, que os recolhe.

O diretor nacional da Polícia Judiciária revelou entretanto que o incêndio que deflagrou no sábado no concelho de Pedrógão Grande teve origem numa trovoada seca, afastando qualquer indício de origem criminosa. "A PJ, em perfeita articulação com a GNR, conseguiu determinar a origem do incêndio e tudo aponta muito claramente para que sejam causas naturais. Inclusivamente encontrámos a árvore que foi atingida por um raio", disse Almeida Rodrigues.

O Presidente da República suspendeu a agenda até terça-feira devido ao incêndio de Pedrógão, disse à agência Lusa fonte de Belém. O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, tinha agendado para hoje a entrega do Prémio D. Diniz, da Fundação da Casa Mateus, ao escritor Mário Cláudio.





Imagem nº 1 - Um incêndio devastador em Pedrõgão Grande semeou a mortandade.
Direitos da Notícia - Diário de Notícias/LUSA
Artigo da autoria de Carlos Rodrigues Lima e Bárbara Cruz
Foto - Miguel Lopes/LUSA




Ninguém se recorda de um fogo tão infernal que tivesse provocado tantas vítimas mortais. Tudo começou com uma mera trovoada seca. Uma origem aparentemente acidental, mas que viria a ser fatal para várias famílias. Dizem algumas testemunhas que o "fogo até voa". Além das dezenas de mortos, muitos foram aqueles que ficaram sem casas, animais e propriedades. É um cenário desolador, e espero que o Estado Português proporcione os meios de apoio necessários no Âmbito da Protecção Civil e na esfera social e psicológica.
Discursos bonitos nestas horas negras todos são capazes de fazer, mas não quero ver estas famílias depois esquecidas e remetidas para a desgraça, como se sucedeu já noutros casos similares ocorridos no passado.
No entanto, hoje somos Portugal, pelo que enviamos as condolências aos familiares das vítimas!
Força Pedrógão! Força Portugal! Força bombeiros!

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