Especial Resultados Autárquicas IV - Em Equipa(s) que ganha(m) não se mexe(m)

Em Esmoriz, António Bebiano (PSD) ganharia com estrondo, contudo a aposta na continuidade fora igualmente visível nas restantes freguesias do concelho. Pelo PS, Jaime Almeida e Bruno Oliveira seguraram Válega e a União de Freguesias de Ovar respectivamente, enquanto que, pelo PSD, Sérgio Vicente Prata e Miguel Silva continuariam à frente das vilas de Cortegaça e Maceda respectivamente. Este era um cenário que já prevíamos há algum tempo, tendo em conta o bom trabalho desenvolvido pelos cinco presidentes de junta de freguesia que operam no nosso concelho.

Comecemos por Válega. Jaime Almeida é um homem bastante admirado pela sua comunidade, tal é a forma singular como sente a sua terra. É aquele caso raro de presidente que não tem qualquer espécie de estigma em dar o exemplo, efectuando muitas vezes o trabalho de um típico assistente operacional (por exemplo, já participou em tarefas de limpeza na sua própria freguesia). Além disse, o presidente soube estimular a cultura local, promovendo a realização de exposições, festivais de folclore, feiras rurais, eventos desportivos (como por exemplo: a corrida de camas ou o torneio de malha), passeios de cicloturismo, a valorização do património (destaque aqui para a promoção artística da Igreja Matriz de Válega) bem como de autores ou artistas valeguenses, etc. A este executivo se atribui ainda a reabilitação de alguns arruamentos (foram os casos da ruas das Estradas e da rua Dr. Acácio Valente), da zona envolvente ao Cruzeiro da Virgem bem como a sua intermediação para a construção de uma Unidade de Saúde Familiar na vila (embora aqui muito do mérito deva ser essencialmente atribuído à autarquia de Ovar).
Dentro deste contexto, Jaime Almeida (PS) venceria facilmente as eleições com quase 54% dos votos (8 mandatos para a Assembleia de Freguesia), batendo a concorrência de António Justino (PSD) que se ficou por cerca de 35% (5 representantes para a Assembleia de Freguesia). Nenhuma das outras forças políticas conseguiu eleger qualquer membro.

Imagem nº 1 - Jaime Almeida (PS) continua à frente dos destinos da Junta de Freguesia de Válega.

Em Maceda, Miguel Silva (PSD) também confirmou o favoritismo que lhe era atribuído. Com escassos recursos, este presidente conseguiu melhorar os acessos à Praia de São Pedro de Maceda (potenciando o valor turístico desta!), promoveu eventos de renome (nomeadamente a tradição da recriação de dezenas de presépios no decurso da época natalícia), foi também intermediário no processo de instauração de um novo saneamento na vila (iniciativa que pertenceu à ADRA), a promoção de feiras de gastronomia e artesanato, a reabilitação de alguns eixos viários, o apoio ao associativismo local, etc.

Miguel conseguiria uma vitória, também ela estrondosa, ao somar 68% dos votos (elegeu 7 deputados para a Assembleia de Freguesia) contra apenas 19% do candidato socialista Marco Torres (obteve 2 mandatos para aquele organismo). Tal como em Esmoriz e em Válega, não houve espaço para a entrada de uma terceira força partidária.

Imagem nº 2 - Miguel Silva (PSD) viu o seu trabalho a ser reconhecido pela comunidade de Maceda, conseguindo agora o seu segundo mandato à frente da junta local.

Em Cortegaça, o PSD já assumia uma tradição forte desde há alguns anos para cá, e desta feita, o seu representante máximo, Sérgio Vicente Prata, não traiu tais pergaminhos, tendo obtido uma vitória avassaladora que se traduziria na obtenção de quase 71% dos votos (7 representantes para a Assembleia de Freguesia) contra cerca de 22% de votos atribuídos ao candidato do PS - Américo Dias (elegeria apenas 2 deputados locais). Novamente, não houve espaço para a entrada de uma terceira entidade política.

Sérgio Vicente Prata soube através do diálogo com a Câmara Municipal interceder para que fosse criado muito recentemente o moderno Centro Cívico de Cortegaça (a nova sede da junta), tendo ainda sido uma peça fundamental no que diz respeito à requalificação de vários espaços urbanos na vila, nomeadamente sitos entre os Largos do Souto e das Praças, a intervenção nos passeios da rua do Palácio, a remodelação do Largo do Campo, da Rua Olívia e Florindo Cantinho e da Rua dos Carris, etc. 

Sérgio não teve assim muita dificuldade em renovar o triunfo.

Imagem nº 3 - Sérgio Vicente Prata (PSD) continuará a ser o representante máximo dos cortegacenses.

Por fim, e não menos importante foi a vitória de Bruno Oliveira (PS) à frente de União de Freguesias de Ovar, São João, Arada e São Vicente de Pereira Jusã. Aqui o triunfo socialista foi mais renhido, tendo Bruno somado quase 43% dos votos contra 37% do candidato social-democrata João Duarte. Os socialistas elegeram 9 representantes para a Assembleia de Freguesia, enquanto os sociais-democratas ficarão com 8. Ao contrário do que acontecera nas outras freguesias, o CDS-PP e a CDU, com mais de 5% dos votos, lograram eleger, cada um, um representante. É plausível que para ter maioria Bruno Oliveira precise de renovar o acordo de coligação que já mantinha antes com o CDS-PP local.

Bruno Oliveira também realizou uma obra interessante ao longo dos últimos quatro anos. Apoiou fortemente as colectividades, não descurou as necessidades das famílias mais carenciadas, interveio na substituição dos abrigos de passageiros nas paragens de autocarro, promoveu os festivais de pão-de-ló de Ovar e de Marionetas, procedeu à criação do Gabinete de Atendimento Social de Proximidade (neste dossier com o forte apoio do CDS local), a restauração dos cruzeiros, etc.

Era pois bastante difícil aos adversários bater tal candidatura.

Imagem nº 4 - Bruno Oliveira (PS) permanece à frente da União de Freguesias de Ovar.

Foto - Rádio AVFM

Em jeito de balanço final, os cidadãos do concelho votaram, no geral, a favor da continuidade de todos os seus presidentes. Salvador Malheiro (PSD) venceu para a Câmara Municipal de Ovar, António Bebiano (PSD), Sérgio Vicente Prata (PSD) e Miguel Silva (PSD) triunfaram respectivamente em Esmoriz, Cortegaça e Maceda. Por seu turno, Jaime Almeida (PS) e Bruno Oliveira (PS) mantiveram-se em Válega e na União de Freguesias de Ovar respectivamente. Não houve por isso qualquer candidatura da oposição que conseguisse destronar os presidentes em exercício. A aposta na continuidade goleou, por conseguinte, qualquer filosofia de mudança que pudesse surgir neste ano de 2017.