Oito quilómetros de chão de madeira, com praias ao pé, pássaros no ar e patos na água, circundam a barrinha de Esmoriz/lagoa de Paramos, a maior zona lagunar do Norte do país, entre os dois municípios. Este passeio tem cores vibrantes e sons que saem da natureza.
As cores sobressaem com intensidade e é quase impossível não reter onde quer que seja, nas máquinas fotográficas ou de filmar, nos telemóveis, mas sobretudo na memória. É o azul que vem à tona na barrinha de Esmoriz ou lagoa de Paramos, a maior zona lagunar do Norte do país com quase 400 hectares. É o branco das dunas de areia ao fundo, que escondem o mar, e que ganha mais brilho em dias de sol. É o verde dos canaviais que crescem sem restrições e com água aos pés. É o castanho da madeira dos passadiços que rodeiam uma barrinha que estava moribunda e poluída e que agora ressuscita com mais ar nos pulmões e mais visibilidade.Não são só cores, também há sons. O do vento que abana os juncos. O dos patos, dos pássaros, das avionetas do aeródromo de Paramos que, de vez em quando, sobrevoam o céu. O som do mar das praias de Esmoriz e de Paramos nos acessos mais a poente. A barrinha é o coração destes passadiços que têm vista para quintais, para cabras a pastar, para um barco velho que perdeu uso. Este percurso capta a atenção de gente que corre, pedala de bicicleta, caminha sem pressas ou vai à praia por caminhos que agora são acessíveis. Por cima da lagoa, há uma ponte de madeira que liga Centro e Norte do país, de onde o olhar consegue reunir praticamente todo o cenário deste percurso circular que, a norte, permite continuar pelos passadiços de Paramos em direção a Espinho e daí até Gaia. Em cima dessa ponte, com mais de 40 metros de comprimento, a paisagem é densa. Ali perto está o observatório de aves com bancos de madeira e aberturas para a barrinha que é morada de flora e fauna dignas de registo. A garça-real, a fuinha dos juncos, o rouxinol bravo, o lagostim vermelho, o estorninho malhado, o pisco-de-peito-ruivo, a lampreia-de-riacho, são algumas espécies que ali habitam. Alguns sons que entram nos ouvidos certamente vêm dessa bicharada. Perto da ponte, há um pequeno cais flutuante que aproxima os pés da barrinha que durante anos foi fustigada com focos poluentes de várias proveniências até entrar num processo de despoluição para voltar à vida e respirar decentemente. A natureza agradece. As pessoas também.
Texto da autoria de Sara Dias Oliveira
Revista Evasões
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