Talvez
(Poema da autoria de António Maria)
Talvez que de meu pó floresça um verso
Como se fosse um grito no deserto,
Sussurro de asa indefinido, incerto,
Choro de vaga pelo mar disperso.
Talvez que alguém dê conta por acaso
Da lágrima que a pedra chora à tarde
Quando no Estio o sol nas fragas arde
E se derrama pelo campo raso.
Talvez que me recordes levemente
No doce Outono da terra cansada,
Na paz sem fim de noite enluarada
No curso musical duma corrente.
Na brisa que da mata seus acordes
Compõe nas longas tardes de Verão
E disso nasça um verso, um choro, um som,
Nos quais, por mero acaso, me recordes.
Imagem retirada de: http://marta-omeucanto.blogs.sapo.pt/o-outono-chega-hoje-702636
Nenhum comentário:
Postar um comentário