Natal Antigo
(Poema da autoria de António Maria)
Natal da minha terra, enregelado
Pelo Dezembro frio deste Inverno,
Dá-me o calor do lar antigo e terno
Que, embora pobre, em tempos me foi dado!
Ardia na lareira o fogo amigo,
Em cada olhar luzia uma fogueira,
Em cada peito havia a paz inteira
Do singular amor de um salmo antigo.
Natais da minha vida passageira,
Qual brando sopro de uma brisa breve,
Dai-me o calor que a vida ainda me deve,
A um canto pequenino da lareira.
Natal antigo meu, das noites claras,
Com brando ramalhar do tempo agreste,
Dá-me os irmãos e os pais que já me deste
E agora se reflectem noutras caras...
Dá-me os irmãos, pequenos como eu,
E os pais abençoados como eu tinha.
Natais da minha vida, muito minha,
Que agora quase nada tem de seu.
Quantos Natais, meu Deus, já se contaram,
Quantos no mundo ainda haverá mais.
Que pena não haver muitos Natais
Iguais no amor aos que já passaram.
Natal da minha terra, ultrapassado
Pelo fulgor deste mundo moderno,
Dá-me o calor do lar antigo e terno
Que, embora pobre, em tempos me foi dado.
Imagem meramente exemplificativa retirada de:
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