segunda-feira, 3 de junho de 2019

Fernando Almeida sentiu que chegara a altura de mudar de ares (opinião)

Fernando Almeida encabeçou a lista do CDS-PP para a Assembleia Municipal de Ovar em 2017. Foi talvez a voz mais acérrima em termos de oposição ao executivo actualmente liderado por Salvador Malheiro. Prontamente, foi admirado por uns que estimavam o seu carácter frontal e espontâneo, enquanto outros o acusaram de populismo e protagonismo gratuitos. 
Apesar de o seu partido não nos encher as medidas, a verdade é que Fernando Almeida estava a realizar um trabalho interessante na Assembleia Municipal de Ovar. Analisava documentos, questionava os autarcas sem ter medo de abordar assuntos polémicos, e mais do que tudo, não escondia sentimentos ou pensamentos. Era ele mesmo, espontâneo, com as suas virtudes e defeitos. E nós temos consideração por pessoas assim! Mesmo que seja um dos casos que seja difícil de agradar a gregos e a troianos!
Claro que Fernando também deveria ter sugerido mais ideias e propostas que favorecessem a melhoria do estado do concelho. É verdade que ainda assim defendeu, em Esmoriz, a despoluição da Barrinha, a reabilitação do Palacete dos Castanheiros ou até mesmo a requalificação do Jardim do Ancoradouro (parece que este último projecto já mereceu luz verde da autarquia). Contudo, pensamos que Fernando deveria ter concebido um grande plano estratégico para o município de forma a legitimar um crescimento mais potenciado. 
Pessoas como o Fernando trouxeram mais alma à oposição, mesmo que ainda tenham de trabalhar muito para serem considerados uma alternativa forte ao poder local vigente e às vicissitudes da sua gestão financeira, económica e estrutural. O CDS-PP conseguiu um resultado minimamente positivo (embora não brilhante) nas últimas autárquicas em Ovar ocorridas em 2017. Filipe Marques Gonçalves, advogado e um homem com um envolvimento ímpar e nobre nas causas do concelho, foi um dos rostos que mais abrilhantou a campanha centrista. Não foi eleito para a vereação, mas ajudou Fernando a reunir os votos necessários e ingressar na Assembleia Municipal de Ovar.
No entanto, a saída de Filipe Marques Gonçalves, cuja popularidade era assinalável, viria a ser o primeiro grande rombo nas aspirações locais do CDS-PP. Fernando Almeida deve ter sentido que os apoios de cima também não eram muitos, e desde cedo, manteve divergências com a líder Assunção Cristas. Discordando das políticas e sentindo-se desamparado, prometeu renunciar ao cargo de presidente da concelhia do CDS-PP Ovar, caso Assunção Cristas não se demitisse após os maus resultados vislumbrados nas eleições europeias, também visíveis em Ovar. Fernando alegou mesmo ao Jornal de Notícias que o partido está centrado mais em Lisboa, encontrando-se desligado das bases. 
Não é menos verdade que a concelhia do CDS-PP Ovar deve também analisar com frieza os resultados (admitir a derrota em Ovar não será o fim do mundo!) e reconhecer que há muito a fazer para ganhar eleitorado neste concelho, contudo é evidente que a campanha encetada por Assunção Cristas (e Nuno Melo) não foi lá muito bem conseguida, e daí os centristas só terem elegido um eurodeputado. 
Fernando Almeida fez o que a consciência lhe dizia - apresentou a demissão, adivinhando-se agora um aproximar de tempos difíceis para este partido a nível local. Talvez, esta decisão tivesse sido exagerada, mas Fernando já havia deixado antever este possível cenário. E em parte, tem as suas razões: precisava talvez de mais meios, apoios e iniciativas para que o partido crescesse em Ovar e noutros pontos do distrito de Aveiro. Claro que isto não justifica tudo, mas a nível local, é muito difícil fazer milagres quando as coisas não correm bem ao partido no panorama nacional.   
Porque foi mandatado pelo povo, Fernando irá manter o posto de deputado na Assembleia Municipal de Ovar até ao fim. E penso que esta é uma decisão que favorece o debate político.
Agora faltará saber se Fernando se irá despedir em 2021 da discussão autárquica, ou se poderemos vir a ter uma surpresa. 
Mas até lá - muita água vai correr debaixo da ponte, e isto aplica-se a todos os envolvidos nas decisões autárquicas.
Cada um terá a oportunidade de provar o seu valor até lá, de forma a submeter-se ao sufrágio popular. 



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Imagem nº 1 - Fernando Almeida foi, durante os últimos 4 anos, presidente da concelhia do CDS-PP Ovar. Mantém ainda o posto de deputado da Assembleia Municipal de Ovar que exerce desde 2017.

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