Fernando Camelo Almeida foi líder da concelhia do CDS-PP Ovar entre 2015 e 2019,
tendo apresentado recentemente a sua demissão devido a divergências com Assunção
Cristas, actual presidente do partido a nível nacional.
Nas eleições autárquicas de 2017, Fernando conseguiu ser eleito para a Assembleia
Municipal de Ovar, quebrando uma “seca” centrista que já perdurava há vários anos. O
autarca já afirmou que honrará tais pergaminhos até ao final do mandato em 2021,
embora se desconheça o que poderá acontecer posteriormente.
1- Olá Fernando. Quando decidiu avançar para a aventura partidária dentro do
CDS-PP? E o que levou a tomar tal decisão?
R: Olá Cusco, decidi avançar para a aventura partidária, no CDS, há 25 anos atrás. O que me
levou a tomar essa decisão foi o gosto que tenho pela política e, sobretudo, o gostar muito
da nossa Terra, achando que com alguma participação na política poderia dar o meu
humilde contributo para a melhoria da qualidade de vida de todos nós e para o
desenvolvimento do nosso concelho.
2- O CDS-PP conseguiu eleger um deputado para a Assembleia Municipal de Ovar
em 2017. Considerou que, na altura, foi um grande êxito? Ou esperava mais?
R: Um grande êxito não diria. Considero que o resultado foi positivo tendo em conta que o CDS
não tinha representante na Assembleia Municipal e, desde então, passou a ter. Foi um
resultado justo pelo trabalho que já vínhamos a fazer na oposição há algum tempo, mesmo
sem termos assento na Assembleia Municipal. Resumindo, a minha eleição para a
Assembleia Municipal foi o reconhecimento dos munícipes pelo trabalho que realizámos
anteriormente e modéstia à parte, acho que não desiludimos quem nos deu um voto de
confiança, pois hoje é inquestionável que somos a voz da oposição e acima de tudo dos
Munícipes.
3- Para muitos, é considerado o principal rosto da oposição ao executivo municipal
de Salvador Malheiro. Em que campos ou sectores se evidencia mais o
braço-de-ferro que mantém com a actual equipa que está à frente da autarquia de
Ovar?
R: Não se trata de um braço-de-ferro, diria mais uma grande divergência em termos de estratégia e
formas de pensar atendendo ao que deveria ser feito pelo nosso Município. A título de
exemplo, na área do Turismo, considero que temos um potencial enorme que tem vindo a
ser subaproveitado, não se verificando uma estratégia clara.
Na área da Cultura, revelam-se gastos excessivos na animação das praias em detrimento de outras apostas menos dispendiosas e até mais aliciantes que poderiam alavancar a economia local, convidando mais gente ao nosso Município.
Também na área do Empreendedorismo - que é fulcral, pois estamos a falar da criação de postos de trabalho, não existe qualquer estratégia. Apesar de haver um Vereador com o Pelouro do Empreendedorismo, é notório que este faz um trabalho muito escasso e, consequentemente, temos um número reduzido de novas empresas a instalar-se no Município de Ovar e temo que todos iremos pagar o preço desta inoperância do Executivo mais tarde ou mais cedo… Exemplo disso, é a Zona Industrial Sul de Ovar que foi contemplada em PDM (Plano Diretor Municipal) mas o que é certo é que nada foi feito. Repare, um empresário que chega ao Concelho de Ovar e que queira instalar uma empresa não tem as devidas condições nem sequer o acolhimento devido por parte dos Autarcas! Pelo contrário, com as atitudes que têm, parece até haver algum desinteresse.
Outra área que também tem de ser alterada o mais rápido possível é a área dos Serviços Municipais. Temos de ser claros e pragmáticos. Existem serviços que não funcionam, nomeadamente o da Comunicação e o da Divisão de Obras que presta um péssimo serviço aos munícipes. Isto tem de ser assumido e não temos de fugir às questões. Tem que haver uma desburocratização e um aligeirar responsável dos processos, que infelizmente não se vê. Por exemplo, não é admissível que uma pessoa queira reabilitar um prédio e que esteja à espera cerca de um ano ou mais para poder avançar com a obra! Isso afasta os investidores e atrasa o nosso crescimento.
Para além disso, existem outros problemas, como é exemplo a área do Ambiente onde continuamos a ter os mesmos problemas, seja na Barrinha de Esmoriz; seja a poluição do Rio Cáster; seja o problema da Erosão Costeira que não é responsabilidade da Autarquia mas que parece só se lembrarem deste quando o mar provoca estragos; seja o problema da Ria, que vai ter uma dragagem que deixa muito a desejar por aquilo que se vai sabendo e, portanto, há toda uma série de questões na área ambiental que também devem ser vistas de outra forma por parte de quem está à frente da Autarquia.
Outra área que deve ser falada e trabalhada é a do Património Local, no que concerne às Fontes, às Capelas dos Passos, aos Moinhos, aos edifícios municipais (como por exemplo o Palacete dos Castanheiros e o edifício do antigo cinema) e à valorização e embelezamento das áreas verdes, entre outros.
Outra área fulcral e que não tem sido trabalhada convenientemente, é a área da Cultura e Turismo, a valorização da Tanoaria, a preservação da Arte Xávega, a criação de um posto de turismo em Esmoriz (Proposta que sugeri numa sessão da Assembleia Municipal), a criação de um roteiro para turismo religioso, são apenas alguns exemplos do que pode e deve ser feito.
Depois, a área da Educação onde se observa a necessidade de desenvolver um trabalho diferente. Exemplo disso, é a falta de peso político para se resolver de uma vez por todas o problema da Escola Secundária de Esmoriz que precisa de uma intervenção urgente, assim como também não percebo o porquê da Autarquia ainda não ter feito uma intervenção tão necessária na Escola do Gavinho em Cortegaça que no estado em que se encontra tem afastado cada vez mais os alunos para outras escolas da periferia.
Por outro lado, na área da Saúde verifica-se o problema do encerramento do Centro de Saúde de Maceda, bem como a carência de um Serviço de Urgência Básico Permanente em Ovar (24 horas por dia), esta é uma causa que me é particularmente cara. Em 1999, estive na linha da frente com o Valdemar Gomes, o Álvaro Silva, o José Lopes, o Luís Filipe Silva, o Miguel Viegas e outros, na defesa do nosso Hospital contra o encerramento da maternidade .
Passando para outro tema que me preocupa, a causa dos animais, é notória a falta de preocupação pela causa animal. Este Executivo criou o lugar de Provedor do Animal onde esteve uma pessoa a exercer a função pouquíssimo tempo e que se demitiu, ficando o cargo desde então desocupado. Esta situação aponta para uma medida show off ou de folclore político para enredar as pessoas. Não fosse a dedicação e empenho de algumas pessoas aos animais, o concelho de Ovar seria conhecido, nesta matéria, pelos piores motivos.
Mas eu acho que agora chegou o momento em que as pessoas não se deixam enredar mais; já perceberam a estratégia e a forma de estar do atual Executivo e certamente que nas próximas eleições irão dar a resposta justa que passa por lhes mostrarem o cartão vermelho e substituí-los por quem faça mais e melhor.
Por último, na área social, há muito trabalho a fazer, nomeadamente na habitação social, a Autarquia adquiriu, digamos que de uma forma forçada, dois edifícios que serão destinados à habitação social ou venda a custos controlados (compromisso assumido pelo Sr. Presidente da Câmara). Sei que não resolverá o problema, mas será mais um passo no sentido de colmatar as falhas existentes. Depois, também, é preciso disciplinar os apoios, na minha opinião. Estes não podem ser vistos como uma arma política para fidelizar votos, mas reconhecidos com rigor, exigência, total transparência e, essencialmente, serem atribuídos a quem realmente precisa e tem que haver um acompanhamento e fiscalização rigorosos. Todos estes temas me preocupam e também deveriam preocupar a Autarquia e, espero sinceramente, de uma vez por todas, preocupem também todos os nossos munícipes! Havia mais a dizer, mas já me alonguei muito e não me quero tornar maçador. Concluindo, não se trata de um braço-de-ferro, mas são vários os temas em que realmente coexiste uma divergência grande entre a autarquia, neste caso o Sr. Presidente Salvador Malheiro e eu. Respeito as suas posições, não obstante, exponho as minhas e faço as minhas sugestões que, infelizmente, nem sempre são aceites.
Na área da Cultura, revelam-se gastos excessivos na animação das praias em detrimento de outras apostas menos dispendiosas e até mais aliciantes que poderiam alavancar a economia local, convidando mais gente ao nosso Município.
Também na área do Empreendedorismo - que é fulcral, pois estamos a falar da criação de postos de trabalho, não existe qualquer estratégia. Apesar de haver um Vereador com o Pelouro do Empreendedorismo, é notório que este faz um trabalho muito escasso e, consequentemente, temos um número reduzido de novas empresas a instalar-se no Município de Ovar e temo que todos iremos pagar o preço desta inoperância do Executivo mais tarde ou mais cedo… Exemplo disso, é a Zona Industrial Sul de Ovar que foi contemplada em PDM (Plano Diretor Municipal) mas o que é certo é que nada foi feito. Repare, um empresário que chega ao Concelho de Ovar e que queira instalar uma empresa não tem as devidas condições nem sequer o acolhimento devido por parte dos Autarcas! Pelo contrário, com as atitudes que têm, parece até haver algum desinteresse.
Outra área que também tem de ser alterada o mais rápido possível é a área dos Serviços Municipais. Temos de ser claros e pragmáticos. Existem serviços que não funcionam, nomeadamente o da Comunicação e o da Divisão de Obras que presta um péssimo serviço aos munícipes. Isto tem de ser assumido e não temos de fugir às questões. Tem que haver uma desburocratização e um aligeirar responsável dos processos, que infelizmente não se vê. Por exemplo, não é admissível que uma pessoa queira reabilitar um prédio e que esteja à espera cerca de um ano ou mais para poder avançar com a obra! Isso afasta os investidores e atrasa o nosso crescimento.
Para além disso, existem outros problemas, como é exemplo a área do Ambiente onde continuamos a ter os mesmos problemas, seja na Barrinha de Esmoriz; seja a poluição do Rio Cáster; seja o problema da Erosão Costeira que não é responsabilidade da Autarquia mas que parece só se lembrarem deste quando o mar provoca estragos; seja o problema da Ria, que vai ter uma dragagem que deixa muito a desejar por aquilo que se vai sabendo e, portanto, há toda uma série de questões na área ambiental que também devem ser vistas de outra forma por parte de quem está à frente da Autarquia.
Outra área que deve ser falada e trabalhada é a do Património Local, no que concerne às Fontes, às Capelas dos Passos, aos Moinhos, aos edifícios municipais (como por exemplo o Palacete dos Castanheiros e o edifício do antigo cinema) e à valorização e embelezamento das áreas verdes, entre outros.
Outra área fulcral e que não tem sido trabalhada convenientemente, é a área da Cultura e Turismo, a valorização da Tanoaria, a preservação da Arte Xávega, a criação de um posto de turismo em Esmoriz (Proposta que sugeri numa sessão da Assembleia Municipal), a criação de um roteiro para turismo religioso, são apenas alguns exemplos do que pode e deve ser feito.
Depois, a área da Educação onde se observa a necessidade de desenvolver um trabalho diferente. Exemplo disso, é a falta de peso político para se resolver de uma vez por todas o problema da Escola Secundária de Esmoriz que precisa de uma intervenção urgente, assim como também não percebo o porquê da Autarquia ainda não ter feito uma intervenção tão necessária na Escola do Gavinho em Cortegaça que no estado em que se encontra tem afastado cada vez mais os alunos para outras escolas da periferia.
Por outro lado, na área da Saúde verifica-se o problema do encerramento do Centro de Saúde de Maceda, bem como a carência de um Serviço de Urgência Básico Permanente em Ovar (24 horas por dia), esta é uma causa que me é particularmente cara. Em 1999, estive na linha da frente com o Valdemar Gomes, o Álvaro Silva, o José Lopes, o Luís Filipe Silva, o Miguel Viegas e outros, na defesa do nosso Hospital contra o encerramento da maternidade .
Passando para outro tema que me preocupa, a causa dos animais, é notória a falta de preocupação pela causa animal. Este Executivo criou o lugar de Provedor do Animal onde esteve uma pessoa a exercer a função pouquíssimo tempo e que se demitiu, ficando o cargo desde então desocupado. Esta situação aponta para uma medida show off ou de folclore político para enredar as pessoas. Não fosse a dedicação e empenho de algumas pessoas aos animais, o concelho de Ovar seria conhecido, nesta matéria, pelos piores motivos.
Mas eu acho que agora chegou o momento em que as pessoas não se deixam enredar mais; já perceberam a estratégia e a forma de estar do atual Executivo e certamente que nas próximas eleições irão dar a resposta justa que passa por lhes mostrarem o cartão vermelho e substituí-los por quem faça mais e melhor.
Por último, na área social, há muito trabalho a fazer, nomeadamente na habitação social, a Autarquia adquiriu, digamos que de uma forma forçada, dois edifícios que serão destinados à habitação social ou venda a custos controlados (compromisso assumido pelo Sr. Presidente da Câmara). Sei que não resolverá o problema, mas será mais um passo no sentido de colmatar as falhas existentes. Depois, também, é preciso disciplinar os apoios, na minha opinião. Estes não podem ser vistos como uma arma política para fidelizar votos, mas reconhecidos com rigor, exigência, total transparência e, essencialmente, serem atribuídos a quem realmente precisa e tem que haver um acompanhamento e fiscalização rigorosos. Todos estes temas me preocupam e também deveriam preocupar a Autarquia e, espero sinceramente, de uma vez por todas, preocupem também todos os nossos munícipes! Havia mais a dizer, mas já me alonguei muito e não me quero tornar maçador. Concluindo, não se trata de um braço-de-ferro, mas são vários os temas em que realmente coexiste uma divergência grande entre a autarquia, neste caso o Sr. Presidente Salvador Malheiro e eu. Respeito as suas posições, não obstante, exponho as minhas e faço as minhas sugestões que, infelizmente, nem sempre são aceites.
4- Uma das suas principais frentes de batalha é o estado da Praia do Areinho e as
dificuldades de concessão em torno do restaurante Vela Areinho. Neste momento,
decorre o desassoreamento da Ria de Aveiro. Acredita que os tempos vão mudar
ou pensa que existe inércia e mau planeamento neste caso em concreto?
R: Eu diria que infelizmente não é só neste caso em concreto que se verifica inércia e mau
planeamento (caraterísticas deste Executivo Municipal). Relativamente à Ria de Aveiro,
este é um tema que me é muito caro porque sou natural de Ovar e sinto a Ria também como
minha. Passei parte da minha infância no Areinho, frequentei muito o Vela Areinho e,
portanto, acho incompreensível deixarem as coisas chegarem ao estado que chegaram. É
lógico que o problema da Ria não é da responsabilidade da Autarquia e muito menos do
atual Executivo, temos que ser sérios! Não obstante, cabe à Autarquia exigir e pressionar.
Não podemos aceitar que vá decorrer uma obra de desassoreamento e que hajam sérias
dúvidas de que a mesma irá resolver o problema. A título de exemplo, temos a área da
Marina do Carregal que não está prevista ser desassoreada. Isso é incompreensível, com
todas as embarcações atracadas num espaço no estado em que está e não fazer qualquer
intervenção… Portanto, há muito trabalho a fazer e o Governo deve fazer uma intervenção
diferente. Por sua vez, a Autarquia deverá exigir e insistir junto do Governo para que seja
feita uma intervenção eficaz. Sinceramente não acredito muito que os tempos vão mudar,
mas espero estar enganado…
Relativamente à concessão do Vela Areinho subsiste uma falta de visão por parte do Executivo.
Repare que já tivemos um concessionário que saiu por decisão da Autarquia e de lá para cá
não tivemos mais ninguém. A história do último concurso também me parece no mínimo
estranha, porque afinal de contas existiu uma caução que deveria servir para caucionar o
negócio. A empresa a quem foi concessionado o espaço, que ganhou o concurso, recuou e
desfez o negócio, rescindindo o contrato e foi-lhe devolvida a caução. É uma coisa que não
se percebe, sem justificação possível e foi lesiva para o interesse do Município.
5- E a Barrinha de Esmoriz, como vê o estado da lagoa e a utilidade das obras
recentes de requalificação deste sítio ambiental?
R: Antes de mais eu sempre fui contra do uso da Barrinha de Esmoriz como bandeira política.
E, nos últimos anos, assistimos ao agitar dessa bandeira demasiadas vezes. O problema é
que, no decorrer dos anos, a Barrinha tem sido esquecida e as intervenções não têm
resolvido o problema na raiz. O facto é que hoje temos os Passadiços, que foi uma obra
digna de registo e salutar, mas falta o resto… Diria que falta o principal. Não sei se é falta
de vontade política, se é falta de competência política, o que é certo é que os problemas se
mantêm e, de facto, não vejo a resolução que todos ansiamos e que Esmoriz e todo o
Município de Ovar merece.
6- Qual é a sua opinião sobre o atual momento presenciado em Esmoriz. Que méritos
e lacunas apontaria à cidade?
R: Esmoriz é uma cidade que acima de tudo merece mais respeito. É uma cidade com um
número elevado de habitantes que dão um contributo fortíssimo em termos de pagamento de
impostos e no Orçamento Municipal. Junto à praia verificam-se vários espaços que
demonstram falta de zelo, exemplo disso é aquela pequena Praceta junto do areal onde tem
uma Traineira e que está cheia de erva à volta. Também o Palacete dos Castanheiros, onde
funciona o Pólo da Biblioteca Municipal e a Universidade Sénior, está num estado
deplorável e inaceitável e que no inverno chove lá dentro. Felizmente resolveram agora a
questão do Jardim do Ancoradouro, independentemente da verba gasta ter sido elevada e se
calhar o que lá está não justificar o gasto. Mas isso é uma situação que eu não me quero
pronunciar para já. Dizer só que há 1 ano atrás, alertei para o estado de abandono do espaço
e agora congratulo-me por ter sido resolvida a questão e ter sido lá colocado um Parque
Infantil. Relativamente à Escola Secundária de Esmoriz, que já falei anteriormente, volto a
frisar que tem que ser feita uma intervenção e que a Autarquia tem de resolver a questão
com a máxima urgência, pois não é aceitável que se inicie mais um ano letivo com o mesmo
problema.
Também no que concerne aos arruamentos ainda existe muito trabalho a fazer, assim como o
problema da EN 109 tem de ser resolvido, pois tem demasiado tráfego, não tem passeios e é
um perigo constante para os peões. A limpeza das ruas também!
Esmoriz tem que ter um tratamento diferente, quer por parte da Autarquia quer por parte da
própria Junta de Freguesia que deverá ser mais proativa no trabalho a efectuar no terreno e
na reivindicação dos interesses dos Esmorizenses, que sempre tiveram a caraterística de
povo bairrista e nos últimos anos parece algo conformado com a realidade actual.
7- Aurélio Gomes foi nomeado, neste ano, como líder do CDS-PP do núcleo de
Esmoriz. Confia que ele poderá realizar um bom trabalho na preparação das
autárquicas de 2021?
R: Sobre esta matéria, permita-me que não faça grandes comentários, porque deixei de exercer
qualquer função no CDS e, portanto, não me vou pronunciar sobre a preparação de
autárquicas ou sobre o trabalho do líder do Núcleo de Esmoriz. A título pessoal, o que posso
dizer é que tenho muita estima pelo Aurélio Gomes e acho que é um Homem com
capacidade e competências que pode dar um bom contributo na defesa dos interesses de
Esmoriz.
8- Em Esmoriz, o partido não tem conseguido eleger qualquer membro para a
Assembleia de Freguesia já há vários sufrágios. Quais as razões para estes desaires
sucessivos? Que estratégias poderão ser adotadas para mudar esta tendência?
R: De facto o Partido, com muita pena minha, já há muito tempo que não tem representantes na
Assembleia de Esmoriz. Não gostando de sacar qualquer responsabilidade aos candidatos,
pois com certeza todos deram o seu melhor, é certo que os que surgiram não mereceram a
confiança dos Esmorizenses. Pode ser até pela forma como comunicaram ou porque
apareceram outros candidatos mais fortes de outros Partidos. Há fatores variados e não seria
justo da minha parte estar aqui a fazer julgamentos eleitorais dos candidatos anteriores que
estou convicto que deram o seu melhor.
Relativamente às estratégias a adotar para mudar esta tendência, pelas razões que evoquei na
questão anterior, não vou tecer qualquer comentário. Como disse e tenho dito, não
desempenho qualquer função no CDS desde a minha demissão e, portanto, não vou opinar
sobre o futuro do CDS nem vou sequer interferir em nenhuma questão relativa ao CDS.
9- No panorama nacional, Assunção Cristas motivou da sua parte acérrimas críticas.
Porque não se revê na sua liderança? Haverá a possibilidade de reconciliação?
R: Eu não diria acérrimas críticas, diria mais críticas frontais que é uma coisa cada vez mais
rara nos Partidos. Há uma tendência para a subserviência às lideranças e são poucos os que
têm coragem de afrontar, digamos, pensando diferente, mas demonstrando publicamente
que pensam diferente dos líderes partidários. Da minha parte, sempre estive na política de
forma livre, não tenho qualquer dependência da política e não sei estar de outra forma senão
sentindo-me livre, dizendo o que penso sempre que acho oportuno. No caso concreto de
Assunção Cristas, não me revejo de forma nenhuma na sua liderança, disse-o muito antes de
se elaborarem e escolherem as listas para Deputados. Penso que devo ter sido a única voz
activa na noite das eleições europeias, pelo menos a aparecer publicamente. Ao contrário do
que muita gente pensa, e embora a comunicação social tenha dado mais enfâse na altura das
Eleições Europeias, eu já há cerca de dois anos que tenho vindo a fazer esses reparos. Não
me revejo na sua liderança pelas razões que já são públicas e acho que o Partido neste
momento não ocupa um espaço político próprio, tem tido uma liderança que anda ao sabor
do vento, ora mais ao centro ou mais à direita, conforme a oportunidade do momento e da
agenda política. O Partido em que eu me filiei era um Partido de princípios e valores,
custasse o que custasse mesmo em termos de popularidade ou em termos eleitorais e isso
perdeu-se completamente ao longo dos tempos; embora eu também ache que há aqui uma
herança de Paulo Portas, que teve muito mérito em levar o Partido a governar mas que, na
minha opinião, tem também muita responsabilidade pela situação atual do Partido.
Relativamente à reconciliação, a mesma não tem de acontecer porque não houve nenhuma
zanga! Existe, sim, uma divergência de posições que são difíceis de conciliar porque nem
Assunção Cristas parece mudar o rumo da sua liderança e eu jamais mudarei a minha linha
de pensamento. Portanto, da minha parte julgo que não há entendimento politico possível.
10- Recomendaria o voto no CDS-PP nas próximas legislativas ou deixará isso ao
critério de cada cidadão?
R: Ora aí está uma questão delicada. Com toda a honestidade, apelar ao voto no CDS
demonstraria uma grande incoerência da minha parte, tendo em conta as minhas posições
relativamente à liderança no Partido. Não faria qualquer sentido eu apelar ao voto em Assunção
Cristas depois do que disse e, portanto, na política entendo que não basta apregoar a seriedade e
coerência, tem que se praticar. Nesse sentido, não vou recomendar o voto em nenhum Partido.
No entanto, permita-me dizer que é de elementar justiça fazer uma referência ao excelente
trabalho dos Deputados do CDS eleitos por Aveiro, João Almeida e António Carlos Monteiro,
que foram deputados presentes no Distrito de Aveiro durante os últimos 4 anos, inclusive no
Município de Ovar e, portanto, quero reconhecer publicamente o trabalho que realizaram e torço
para que sejam novamente eleitos. O Distrito de Aveiro ficará a ganhar.
Senhor Fernando Almeida, agradecemos o tempo que nos concedeu para a realização desta entrevista.
Imagem nº 1 - Fernando Almeida, deputado centrista da Assembleia Municipal de Ovar, esteve hoje em entrevista ao nosso blogue.
Imagem nº 2 - Fernando Almeida tem sido muito crítico da gestão autárquica actual.
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