A data de 25 de Abril de 1974 jamais poderá ser esquecida porque, nesse dia, Portugal voltou a usufruir da liberdade e dos direitos, depois de mais de quatro décadas de ditadura. Muita coisa mudou, e o país modernizou-se a vários níveis: na cultura, na ciência, na educação, etc.
Hoje podemos dizer que Portugal é um país com direitos e cuja constituição é igual para todos. E só por isso, valeu a pena esta revolução, cujo aniversário assinalamos orgulhosamente neste dia.
No nosso entender, o 25 de Abril deve incutir na sua génese um legado inclusivo. Não pode haver portugueses de primeira e portugueses de segunda porque na verdade todos contam. A lei deve ser executada sem haver um tratamento diferenciado entre ricos e pobres. A celebração da democracia é um momento que devemos sempre enaltecer, mas não podemos omitir, de entre os discursos floreados dos protagonistas da nação, que há problemas sérios que urgem ser corrigidos.
A Justiça em Portugal evoluiu nos últimos anos e reforçou o combate à corrupção, mas continua a ser branda em muitos processos mediáticos. Há alguns casos que têm mesmo suscitado alguma descrença por parte dos portugueses que se queixam da "impunidade" dos poderosos deste país. Não podemos deixar que se rumine o actual regime democrático só porque a "mão pesada" é habitualmente aplicada ao "mexilhão", e essa imagem tem de começar a mudar. Compete à Justiça elaborar novas reformas e ser mais eficaz nesta matéria para que ela seja, na prática, igual para todos. Ninguém pode estar acima da lei!
A Política em Portugal tem sido feita de altos e baixos, mas três bancarrotas em 47 anos de Terceira República é algo que deveria merecer a nossa reflexão. Na nossa opinião, é um sector que ainda não encontrou, nem de perto, o seu melhor potencial, mas isso também se explica por algumas "ovelhas negras" que por lá passaram nas últimas décadas. Por outro lado, não posso tolerar, de modo algum, que continuem a existir "jobs for the boys", favorecendo-se as cunhas e as amizades partidárias, enquanto o mérito individual não é devidamente valorado. É que quando se decide por base das filiações, muitas vezes, estamos a empregar alguém que não tem perfil para o cargo, e depois, os resultados não serão bons, prestando-se um serviço medíocre às comunidades.
Na Sociedade, o flagelo dos sem-abrigo é algo que nos deveria comover. Eles também são seres humanos! Claro que existirão por ali pessoas que se recusam a todo o custo em voltar à sociedade, mas outros haverá que, se tivessem uma segunda oportunidade, poderiam reerguer-se e ter novamente uma vida normal. Também não aceito que existam famílias a passarem fome só porque estão a viver uma situação difícil (muitas vezes, provocada pela própria conjuntura). Como será o 25 de Abril destas pessoas? Devíamos meditar sobre isso.
Na parte Económica, os portugueses pagam elevados impostos, os quais foram aumentados severamente desde os tempos da Troika. Até hoje, esses valores não foram revertidos. Várias Juntas de Freguesia foram encerradas, bem como Unidades de Saúde. Não é "barato" fazer vida ou constituir família em Portugal, e poderia pois haver mais atenuantes no futuro.
O 25 de Abril foi feito para todos, e por vezes, os nossos governantes teimam em ignorar que a revolução ainda não é um fenómeno completo porque, apesar das vitórias conquistadas, a verdade é que ainda há muitas mais para almejar. O 25 de Abril ainda não chegou verdadeiramente a todos os cidadãos, e isso é que me preocupa - porque há quem esteja a atravessar hoje sérias adversidades sem ser devidamente ajudado.
Portugal tem de regressar às raízes da revolução e reencontrar-se. Só assim salvaremos Abril e esta data bonita.
Todos nós merecemos isso!
Viva o 25 de Abril e todos os que se sacrificaram em prol da Liberdade!
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