Poucos ligavam até então às eleições europeias. Não havia uma verdadeira promoção das mesmas, e a abstenção atingia naturalmente números esmagadores. Ainda assim, e durante três décadas, esta foi uma oportunidade para que alguns pequenos partidos conseguissem eleger um eurodeputado.
No entanto, tudo mudou nos últimos anos. Não sabemos se o momento negro da crise financeira e a consequente entrada da Troika contribuiu largamente para que os portugueses começassem a ficar mais atentos em relação ao que se sucedia à escala europeia.
Contudo, apostaríamos mais na teoria de que os partidos hegemónicos - PS e PSD - perceberam que esta era mais um palco onde poderiam reforçar o seu poderio. E por isso, querem aumentar a sua representatividade lá fora, apelando aos seus seguidores e simpatizantes para que venham votar em massa.
As eleições europeias antes eram imprevisíveis porque havia sempre uma janela de oportunidade para que os pequenos partidos apresentassem as suas ideias e projectos para o velho continente. Mas parece que a representatividade vai começar a imitar os moldes tradicionais internos, restringindo o protagonismo aos cinco partidos do costume. O multipartidarismo pagará a factura.
Continuaremos dependentes das visões incompletas e parciais de PS e PSD, da insatisfação permanente do BE, da visão muito restrita do CDS-PP e da leitura apocalíptica da CDU sobre o estado e o futuro da União Europeia.
Tenho por vezes assistido ao programa do Canal Parlamento que difunde um debate entre os eurodeputados dos principais cinco partidos portugueses. E vejo sempre a mesma tónica - os que jogam mais à direita lançam dúvidas sobre a actual "presidência europeia" da Roménia, criticam o governo da Grécia e não poupam acusações ao governo venezuelano no panorama mundial. Por seu turno, os eurodeputados de esquerda contra-atacam, chegam a defender a Rússia de Putin, alertam para a liderança autoritária de Viktor Orban na Hungria, e não poupam também a gestão empreendida por Berlim e Paris que não trata todos os estados membros de forma equilibrada.
E disto não saímos. O braço de ferro entre direita e esquerda prevalece em Bruxelas. Por outro lado, também é visível o antagonismo entre europeístas e eurocépticos que não cedem sequer uma vírgula nas discussões. E então quando falamos de refugiados, as opiniões chegam a extremar-se.
No entanto, e voltando agora a Portugal, o discurso de campanha não muda, nem sequer para as eleições do Parlamento Europeu. Como sempre, não sabemos o que os partidos e os seus candidatos têm a apresentar para melhorar as vidas das comunidades europeias, apenas ouvimos as tradicionais picardias com a tónica dirigida para as questões da actualidade nacional. Fala-se só de Portugal, e não da Europa ou da forma como devemos defender os interesses nacionais naquele contexto externo.
Fica no ar a ideia de que os nossos candidatos a eurodeputados (alguns até já o são) estão a participar num "jogo de aquecimento" para as legislativas, não se discutindo verdadeiramente a Europa, e isto numa era, em que parecemos estar dependentes mais de Bruxelas do que Lisboa. Como exemplo disso, temos a moeda, pilar de cada economia, que não é exclusivamente nossa, é europeia!
Fica no ar a ideia de que os nossos candidatos a eurodeputados (alguns até já o são) estão a participar num "jogo de aquecimento" para as legislativas, não se discutindo verdadeiramente a Europa, e isto numa era, em que parecemos estar dependentes mais de Bruxelas do que Lisboa. Como exemplo disso, temos a moeda, pilar de cada economia, que não é exclusivamente nossa, é europeia!
Imagem nº 1 - Os candidatos portugueses ao Parlamento Europeu têm apostado mais no debate das questões internas do país.
Imagem retirada de: https://bomdia.lu/parlamento-europeu-vai-ter-grupo-de-extrema-direita/
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