Durante a Idade Média, imputava-se todas as desgraças aos judeus, um povo sem território definido e distribuído pelas minorias de diversos reinos. Eles eram culpados de tudo e mais alguma coisa. Se havia uma grande peste ou fome, tudo seria encarado como castigo de Deus que não tolerava a presença destes no seio das sociedades cristãs. Claro que estávamos numa época onde os mitos e as superstições prevaleciam, abrindo lugar ao ridículo.
No ano de 2016, e mais de quinhentos anos depois, começa agora a difundir-se a ideia de que os críticos desta região "têm prazer" nas desgraças que acontecem, de modo a usá-las como armas de arremesso contra os actuais executivos. Como é óbvio, este tipo de afirmações "medievais" são ridículas e não têm qualquer fundamento. Nem sequer constituem argumento em debate político porque carecem de realismo. São antes meras provocações da parte daqueles que têm ainda de amadurecer mais a sua consciência democrática e de saberem lidar com a crítica, seja ela positiva ou negativa. Como é lógico, ninguém deseja o mal da comunidade só para poder atingir quem nos representa. Aliás, isso não faz qualquer sentido. É absolutamente surreal!
A propósito de tudo isto, veio à baila a história da interdição da Praia da Barrinha em Esmoriz para banhos entre os dias 14 e 15 de Julho, um cenário que nos motiva, desde já, a efectuar duas críticas.
Em primeiro lugar, o timing da abertura da Barrinha (poluída) ao mar, através de dois tubos de drenagem, foi muito mal escolhido, porque tudo poderia ter sido feito na semana anterior, numa altura em que as temperaturas eram menos convidativas para banhos. Felizmente, a interdição foi temporária porque a APA (Agência Portuguesa do Ambiente) logo concluiu, através das suas análises, que as águas marítimas estariam em condições aceitáveis, contudo se os resultados fossem negativos, a interdição poderia ter-se arrastado até ao fim de semana. Foi assim um risco desnecessário, e não totalmente calculado, que felizmente não originou grandes incómodos.
Em segundo lugar, não nos revemos no comunicado municipal que assevera que, no próximo ano, estas situações deixarão de acontecer. Na nossa opinião, tudo não passa de um mero exercício de demagogia (e de propaganda!) até porque o projecto de requalificação e valorização da Barrinha de Esmoriz não contempla a neutralização das fontes poluentes que continuarão infelizmente activas. A ribeira de Rio Maior continuará a ser o principal cancro contaminador da Barrinha porque as acções simplesmente não irão incidir sobre este curso de água. Logo, a lagoa continuará a ser imprópria para banhos, mesmo que se registem melhorias na qualidade das águas com as intervenções. No entanto, a poluição voltará a entranhar-se gradualmente na lagoa durante os próximos anos, visto que não se cortou o mal pela raiz. E isto não é uma reflexão pessimista, mas sim realista!
É importante que as pessoas saibam ter espírito crítico nestas situações e não aceitem logo tudo que lhes seja transmitido como verdades absolutas e irrefutáveis. Aliás, a democracia prevê a pluralidade de opiniões e o debate de ideias é um pilar fundamental. Só assim é que as comunidades se desenvolvem.
Foto de Marco Maurício (Jornal Público)
Olá
ResponderExcluirCreio que a abertura da Barrinha foi sendo adiada até mais não ser possível, uma vez que a água já estava a escassos metros das habitações da Urbanização do Esmoriztur...
Podia ter sido mais cedo....creio que sim!
Cumprs
Augusto
Olá Augusto,
ExcluirPosso confidenciar-lhe que o Movimento Cívico Pró-Barrinha já tinha alertado para essa realidade praticamente uma semana antes da descarga. Se acção tivesse sido imediata, numa altura em que as temperaturas eram menos convidativas a banhos, não haveria tanta polémica...
Mas pronto. O que importa é que tudo já passou.
Um abraço
Olá
ResponderExcluirJá passou mas, ou me engano muito ou em menos de um mês vai voltar. Junto ás bombas da Cepsa, a água já está muito alta...
Cumprs
Augusto