Em primeiro lugar, espanta-me, por vezes, constatar a passividade do nosso povo perante certas questões. Temos a fama de sermos demasiado brandos, para o bem e para o mal, e deixamos que nos calquem facilmente.
Hoje trazemos perante os nossos leitores, um assunto polémico mas que deveria suscitar certamente um tremendo sentimento popular de injustiça. De facto, quando falamos de IMI (e das suas isenções), reparamos imediatamente que a lei não é igual para todos. Os partidos, os clubes de futebol, as entidades religiosas e alguns grupos venerados pelo Sistema não pagam este imposto. Porque é que não pagam? Porque não convém pagar, até porque muitos destes partidos dispõem de edifícios de luxo, e não querem abdicar das suas mordomias. Poderia representar um rombo autêntico nas suas contas. Não nos surpreende! A classe política tem vindo a revelar, nas últimas décadas, uma postura aristocrática, conservando privilégios especiais dos quais não deseja abdicar. Por exemplo, a nobreza moderna de hoje tem direito a subvenções vitalícias chorudas (a suspensão anterior foi, na verdade, uma treta porque foi agora reposta com o respectivo pagamento de retroactivos). E claro ninguém se indigna contra isto. É bem feita, porque permitimos que isto aconteça e não exercemos o direito de nos manifestarmos!
Mas não nos desviemos da temática principal. É uma vergonha a isenção dos partidos no que diz respeito ao pagamento do IMI. Volto a perguntar - Porque é que eles não pagam IMI? Porque é que ninguém na Assembleia da República ousa propor tal medida?
O Correio da Manhã ainda vai mais longe na edição deste dia 11 de Dezembro de 2016, quando salienta que empresas ligadas ao Grupo EDP têm acesso a benefícios fiscais acima dos 90 milhões de euros. Mais uma situação que me enoja enquanto português. Pagamos uma das contas de electricidade mais altas da Europa (e que aumenta quase todos os anos), e ainda por cima, existem administradores daquele grupo que têm ordenados de luxo, mas quem paga com isto tudo é o Mexilhão que se torna apenas culpado pelo seu silêncio cúmplice.
É curioso constatar que, nos últimos anos, os valores do IMI duplicaram, triplicaram ou até mais do que isso. Tivemos conhecimento também de que muitos desempregados, outrora isentos do pagamento, foram chamados a pagar anualmente o valor do imposto pela moradia na qual residem. Ou seja, compramos uma casa (que supostamente é nossa), mas ainda temos de pagar, todos os anos, ao Estado pelo bem imóvel que supostamente nos pertence. Ainda por cima, o imposto tem progredido, ao ponto de acarretar custos elevados.
E sabem o que me revolta mais? Aqueles comentadores nacionais que vêm para os jornais e para a televisão, cantar odes e dizer maravilhas sobre os seus partidos.
Lamentavelmente, sou forçado a concordar quando me dizem que existem portugueses de primeira e portugueses de segunda. A igualdade neste país é, na verdade, um mito legal. Há classes privilegiadas no seio da sociedade, e isto ninguém pode negar. O Estado não é misericordioso quando se trata da abordagem em torno da "aristocracia republicana", mas quando se acha perante a arraia-miúda, é tão fácil sobrecarregá-la de impostos e demais obrigações.
Votar hoje em eleições legislativas é, simplesmente, uma perda de tempo.
O Sistema manda e o Povo tem medo da mudança. Ponto final.
Tabela nº 1 - Benefícios fiscais/IMI por entidade
Notícia - "Correio da Manhã"
Edição de 11/12/2016
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