Em Outubro de 2017, Filipe Marques Gonçalves foi candidato, pelo CDS-PP, à Câmara Municipal de Ovar. Apesar de não ter reunido percentagem suficiente de votos para ser eleito vereador, a verdade é que o seu empenho foi, pelo menos, importante para que Fernando Almeida conseguisse uma votação que viabilizasse a sua eleição para a Assembleia Municipal, onde o número de vagas/lugares a ocupar era naturalmente superior.
Entretanto, em Março de 2018, aquando do Congresso Nacional do CDS-PP, Filipe deixou de assumir qualquer função dentro do partido, fazendo a transparecer a vontade de abraçar novos desafios.
Todavia, ninguém esperava saber que, um ou dois meses depois, o visado acabaria por aceitar integrar o desafio então proporcionado por um órgão distrital do Conselho Estratégico Nacional do PSD.
Esta movimentação fez rebentar um misto de reacções. Aqueles que eram afectos ao PSD vareiro, congratularam-se com esta "aquisição" com provas dadas ao nível do voluntariado social. E aqui temos de reconhecer que efectivamente Filipe Marques Gonçalves sempre levou uma vida íntegra e correcta até então, e por isso, a sua entrada na secção distrital do PSD Aveiro pode até constituir uma lufada de ar fresco que há muito era necessária, sobretudo para os que anseiam por uma revolução em termos de ética e transparência dentro do partido.
Todavia, grande parte dos comentários não são os mais abonatórios com vários cidadãos a demonstrarem a sua desilusão para com a decisão tomada por Filipe Marques Gonçalves, a qual consideram ser pouco coerente, dado que, na anterior campanha autárquica, ele tinha sido um dos maiores críticos da equipa liderada por Salvador Malheiro (actual presidente da Câmara Municipal de Ovar e da Secção Distrital do PSD de Aveiro), não deixando de alertar (e com razão!) para sérias falhas no campo da ética. Muitos alegam portanto que esta não foi uma boa notícia para a democracia local porque quem endereçou o convite não pensou duas vezes em pisar, ainda mais, a oposição já de si enfraquecida e que já anda pelas ruas da amargura em Ovar. Além disso, foi desferido um golpe muito duro (e que pode até ser fatal em ambições eleitorais futuras) num dos partidos da oposição mais activos (neste caso, o CDS-PP). Sem Filipe, o CDS-PP perde muita da sua força e do carisma que começava a construir. O seu crescimento foi agora barrado, e se nada for feito, o partido pode até entrar num novo ciclo de ficar mais uma ou duas décadas sem eleger ninguém para o executivo ou assembleia municipais.
A nossa opinião não foge muito desta percepção. Se é verdade que o PSD ganha para as suas fileiras um homem de valor (o qual é livre de tomar as escolhas que bem entender), também não é mentira que estas situações não credibilizam, nem tornam sequer saudável, a própria vida política.
Não nos podemos esquecer que, sem uma boa oposição (que esteja ao lado dos cidadãos e das suas preocupações), o futuro também não tende a ser promissor.
Foto retirada do OvarNews
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