Em Esmoriz, o poder de compra ou de investimento dos cidadãos só começa a ser notório a partir da Primavera, ganhando uma maior expressão por alturas do Verão (com a chegada dos imigrantes e turistas). Curiosamente, existem casas da nossa restauração local que só abrem por essa altura, encontrando-se encerradas durante o Outono e o rígido Inverno, dado que iriam perder muitos clientes e dinheiro nessas estações climatéricas.
De facto, Janeiro é um dos meses menos atractivos para os negócios locais. Não é altura convidativa para férias, o frio insta as pessoas a permanecerem agasalhadas nas moradias, e claro, não há grandes eventos locais que estimulem uma maior mobilização social.
Aos fins-de-semana, é natural que se vejam mais pessoas, dado que muitas estão de folga por esses dias. Mas nada comparável com os fins-de-semana que, compreendidos entre Maio e Setembro, geram já uma sólida e crescente adesão popular.
Muitos cafés e lojas da cidade estão agora "às moscas", as feiras lá se vão desenrascando, mas um feirante já nos confidenciou que esta não é uma boa altura para vender, embora tente manter a sua presença habitual de forma a ganhar alguns trocos. Esperam sobretudo pelas estações seguintes para colmatar os sacrifícios do presente. Virão mais pessoas nesses futuros contextos, acreditam!
De facto, Esmoriz padece do mesmo problema que muitas cidades de média ou pequena dimensão enfrentam no nosso país. É difícil construir um negócio que seja estável e duradouro. Muitas vezes, é um autêntico "salve-se quem puder". A persistência, a originalidade da oferta/serviços, a localização e também a sorte são factores determinantes para o sucesso comercial/económico, sobretudo em meios mais pequenos.
Em Fevereiro, com a chegada do Carnaval, Ovar vai conseguir afastar-se um pouco do seu apagão momentâneo. Mas o Carnaval é centralista no concelho, e ninguém quer dividir as manifestações pelas restantes freguesias (excepto as escolas e infantários locais que ousem colocar em prática as suas iniciativas em prol das suas terras). Esmoriz não ganhará nada, nem sequer esmolas, com o Carnaval centrado em Ovar, pelo que Fevereiro dificilmente será melhor do que Janeiro. E isso deve motivar-nos a pensar em apostar em novos eventos que possam trazer pessoas à nossa terra por esta altura. Por exemplo, porque não criar uma "Rota das Tanoarias e dos Palheiros da Cidade"? Com o Esmoriztur futuramente reabilitado, poderiam ainda convidar-se artistas de boa qualidade aos fins-de-semana para trazermos mais gentes da região em redor à nossa terra. Também pensamos que é altura de se elaborarem roteiros turísticos da nossa cidade, e distribuí-los sempre que possível em cidades como Porto, Aveiro ou Coimbra. Dar mais visibilidade e divulgar a nossa cultura/identidade local é essencial. Também foi para isso que criámos este blogue, mas isso só por si não dá para fazer milagres. Os privados poderiam igualmente contribuir, caso tivessem essa disponibilidade ou capacidade, e envolverem-se de algum modo neste desafio.
Acreditamos que o comércio local poderia crescer, um pouco mais (embora não muito mais porque tal seria demagogia da nossa parte dada a realidade adversa ser transversal, neste momento, em quase todo o país), com iniciativas inéditas. Pensamos que temos esse direito, apesar da cidade ter acesso a um investimento municipal muito modesto. O Carnaval é uma espécie de mata-fome dos comerciantes de Ovar, mas as verdadeiras festas em Esmoriz só surgem por altura do Verão, fazendo com que o primeiro trimestre do ano (Janeiro, Fevereiro e Março) seja marcado pela apatia típica de um Inverno que só ousará sair de cena depois de ter obrigado os proprietários e empresários a aguentarem uns valentes sacrifícios financeiros.
Imagem meramente exemplificativa retirada de: http://www.ciclovia.pt/
PS - Já agora, quando faço uma pesquisa, no meu motor de busca, introduzindo o nome de Esmoriz, aparece-me logo a imagem de uma ria e vários moliceiros coloridos que nos remetem para a cidade de Aveiro. Acho um erro crasso mas que diz muito da necessidade de trabalharmos mais na visibilidade da terra. Não faz sentido que a primeira imagem que surge na pesquisa sobre a nossa cidade não tenha qualquer relação connosco. Quem não conhece Esmoriz (seja um turista estrangeiro ou um cidadão português de outras regiões) poderá pensar que somos uma freguesia do concelho de Aveiro banhada pela ria, o que não é verdade e ilude os visitantes, desviando-os de cá nos virem conhecer.
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