“Magnificat”
(Álvaro de Campos, Heterónimo de Fernando Pessoa, 1888-1935)
Quando é que passará esta noite interna, o universo,
E eu, a minha alma, terei o meu dia?
Quando é que despertarei de estar acordado?
Não sei. O sol brilha alto,
Impossível de fitar.
As estrelas pestanejam frio,
Impossíveis de contar.
O coração pulsa alheio,
Impossível de escutar.
Quando é que passará este drama sem teatro,
Ou este teatro sem drama,
E recolherei a casa?
Onde? Como? Quando?
Gato que me fitas com olhos de vida, que tens lá no fundo?
É esse! É esse!
Esse mandará como Josué parar o sol e eu acordarei;
E então será dia.
Sorri, dormindo, minha alma!
Sorri, minha alma, será dia!
Imagem nº 1 - Fernando Pessoa foi um dos poetas mais carismáticos e fascinantes da História da Literatura Portuguesa.
Gravura retirada de: https://www.timeout.pt/lisboa/pt/noticias/este-mes-a-tinta-da-china-aposta-todas-as-fichas-em-fernando-pessoa-040218, (Foto - Carlos Azevedo).
Quadro da autoria de Almada Negreiros (1893-1970)
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