sábado, 5 de janeiro de 2013

Como se resolve o problema da Barrinha de Esmoriz/ Lagoa de Paramos?

Ao longo dos últimos anos, ouvi várias teorias para a reabilitação da lagoa, quase todas elas distintas. Todavia, partilhavam, quase sempre, em comum, quatro palavras-chave: Justiça, Vontade, Mobilização e Verbas.
JUSTIÇA porque é imperioso que se acabe com a impunidade de algumas fábricas de Papel que continuam a mandar descargas clandestinas e criminosas para os afluentes da Barrinha. Eu sei, tu sabes, mas elas (as autoridades ambientais) ignoram. Por isso, enquanto existir impunidade, os espertinhos do costume continuarão a rir-se nas nossas caras. Alguns dos empresários receberam mesmo subsídios europeus para instalarem saneamento. Ficaram com o dinheiro, mas o saneamento nunca se viu. Pois...
VONTADE dos Políticos (a nível local e nacional). Não é só alegar que vão salvar a Barrinha de Esmoriz. Aliás, a lagoa já não oferece pescado saudável nem produtos para a lavoura (como acontecia no passado), ela agora oferece VOTOS. Sim, quem promete, em campanha eleitoral, acções para a Barrinha ganha votos, porque as questões da lagoa ainda influenciam uma parte significativa da população. É assim que os políticos têm encarado a lagoa nas últimas décadas, um espaço estratégico a apostar em campanha para atrair eleitorado. Em termos de vontade, também é necessário ressalvar o papel (ou a sua ausência) de algumas instituições como a Sociedade Pólis-Ria que, ao aceder a uma soma de 1, 6 milhões de euros, já deveria ter intervido, como foi previsto contratualmente, na Barrinha. Lá está, será que há vontade?
MOBILIZAÇÃO porque é necessário que a lagoa não seja votada ao esquecimento, mesmo perante o desânimo dos esmorizenses que não vislumbram quaisquer avanços. Vamos deixá-la ao abandono? Vamos abdicar dum grande trunfo turístico que já ofereceu (e ainda pode dar) muito a Esmoriz? Por isso, está na altura da população agir e pressionar quem de direito para que a Barrinha seja reabilitada.
VERBAS são um mal-necessário. O orçamento previsto para a despoluição total da Lagoa ronda os 25 milhões de euros, embora praticamente metade seja comparticipado por fundos europeus. Mesmo assim, é uma soma elevada e por isso, este projecto tem de ser aplicado de forma cautelosa. Por outras palavras, só quando acabarem com os focos de poluição proveniente das fábricas, é que poderão avançar para esta fase de despoluição total. De que adianta gastar 20 a 25 milhões, para que daqui a 20 anos, as indústrias devolvam, com as suas descargas contínuas, a Barrinha a este estado actual que é deplorável? Para despoluir, é preciso ter a certeza, de que as descargas ilegais terminaram ou pelos diminuíram radicalmente. Até lá, só andamos a escrever e gastar folhas de papel para nada...



Imagem nº 1 - A Reabilitação da Lagoa depende de todos nós. Não nos podemos calar!
Fotografia da autoria de Rubim Silva

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