Martim Guimarães da Costa é natural de Ovar e integra a lista de 16 candidatos do Partido Socialista propostos pelo círculo de Aveiro para a Assembleia da República. Actualmente, é o Presidente da Juventude Socialista de Ovar, sendo ainda arquitecto de formação.
É um dos nossos convidados especiais deste mês de Setembro.
1- Olá Martim. Está na lista de candidatos a deputados socialistas pelo círculo de Aveiro. Ficou surpreendido com a escolha que recaiu em si?
R: Viva, Cusco! Em primeiro lugar, os mais sinceros agradecimentos pelo trabalho que tem desenvolvido com enorme esforço, dedicação e voluntarismo em prol do bem comum e pelo interesse em ouvir os candidatos do Município de Ovar dos diversos Partidos, dando também oportunidade ao Partido Socialista de apresentar aqui as suas ideias e reflexões.
Sobre a escolha do meu nome, confesso que sim, é verdade - eu não estava à espera de ser convidado para integrar esta lista, sobretudo com esta qualidade e encabeçada por um dos Ministros de maior relevo.
Mas, se há alguma coisa que o PS Ovar tem que se orgulhar, é dos seus quadros, isto é, dos militantes que tem. Temos militantes de enorme qualidade, que estão disponíveis e são capazes de assumir esse compromisso por Ovar, pelo Distrito de Aveiro e por Portugal.
A escolha é um reconhecimento de um trabalho que temos vindo a desenvolver não só a nível concelhio, mas também a nível Distrital e até mesmo a nível Nacional; é um sinal de que há esperança no futuro do Partido em Ovar. Após alguma reflexão e de ter procurado aconselhar-me, decidi aceitar de bom grado o convite.
2- Apesar de estar na 14ª posição da lista, constatamos que tem levado este desafio muito a sério e de forma motivada. É essencial que o Partido Socialista acabe com a hegemonia do PSD no distrito de Aveiro?
R: Não é o lugar em que eu vou na lista que me vai excluir do dever de contribuir para a vitória do Partido Socialista nas próximas eleições legislativas – desde o primeiro ao último suplente, todos contam, e não é isso que vai definir o meu grau de empenho e de intensidade em torno de um projeto. Aliás, eu nunca estive na política em função deste ou daquele cargo, desta ou daquela função. É pelo conjunto de ideias que me debato. Até porque, e olhando para aquilo que aconteceu este Sábado, em que cerca de uma centena de pessoas nos acompanhou na Avenida do Furadouro, a esmagadora maioria nunca integrou uma lista para coisíssima alguma e, mesmo assim, estiveram sempre presentes e continuam ainda hoje a dar o rosto, não por qualquer cargo político, mas por uma vontade generosa de apoiar o Partido Socialista, como meio de servir a sua Freguesia, o Município de Ovar e Portugal.
Sobre a hegemonia do PSD no Distrito de Aveiro, eu acredito que olhando para a grande campanha que estamos a fazer, ela tem um prazo: o próximo dia 6 de outubro. Eu tenho a confiança que o PS vai ter a merecida Vitória não só no Distrito de Aveiro, mas em todos os Distritos de Portugal! Relembro que, pelo PS, no Distrito de Aveiro, encabeça a lista alguém que foi um dos principais arquitetos pela atual solução governativa e que é também um dos Ministros com melhor desempenho da atualidade.
3- Acredita mesmo que os socialistas poderão recolher mais votos no concelho de Ovar, nestas eleições legislativas?
R: Apresentamo-nos aos eleitores com um excelente Programa. Aliás, quando em maio, todas as televisões e todos os Partidos falavam sobre a elevada taxa de abstenção, só um Partido tomou medidas relativamente a isso – o PS, porque fomos foi o único Partido a abrir a discussão o nosso Programa. Foi um risco, mas decidimos fazê-lo. Apresentamos as nossas ideias, antes do prazo, através de convenções regionais e setoriais, e demos a possibilidade a todos os portugueses de participarem na construção e na melhoria do Programa. Abrimos a porta a todos. Desde militantes, a simpatizantes, a pessoas que nem sequer votam no PS, a pessoas que nem se quer vão às urnas votar. E até para aqueles mais tímidos ou que não tinham possibilidade de se dirigir a esses locais, criamos uma Plataforma Digital para receber sugestões e reflexões sobre o Programa do PS.
Por isso, sim. Olhando para o nosso trabalho e para uma campanha que tem sido de enorme esforço, dedicação e limpa, sentimos que é com justiça que acreditamos que teremos excelentes resultados em todas as freguesias do nosso Concelho.
4- Como planeia participar na campanha socialista?
R: É importante ter a consciência de que, apesar destes quatro anos de governação em que cumprimos com os nossos compromissos, o PS também faça uma campanha ativa e não cruze os braços - e é exatamente isso que tenho procurado fazer.
Na globalidade, o conjunto de iniciativas que temos vindo a realizar, têm por base aquilo que são os nossos desafios estratégicos e aos quais respondemos no nosso Programa: o combate às alterações climáticas, o desafio demográfico, a construção de uma sociedade digital e a continuidade da redução das desigualdades.
Para isso, e de forma muito simples, queremos dividir as nossas ações em duas tipologias: a primeira, diz respeito à proximidade, isto é, iniciativas que procurem o contacto direto com a população, seja nas ruas, nas praças, nos mercados, etc…, para explicar o trabalho que realizamos e aquilo que pretendemos fazer para o Futuro; a segunda, de caráter institucional, pretendemos visitar algumas Empresas, Instituições e Associações, no âmbito dos quatro desafios estratégicos com os quais nos propusemos a dar resposta.
5- A nível nacional, o primeiro-ministro António Costa sonha com uma maioria absoluta no Parlamento. Considera que isso poderá acontecer?
R: A partir do momento em que o debate televisivo tem sido um pouco monopolizado sobre a possibilidade do PS governar com ou sem maioria absoluta, ao invés de se dar espaço de debate às ideias que cada um dos Partidos apresenta, é porque existe a probabilidade de isso acontecer.
Temos por isso orgulho nos resultados que alcançamos e cumprimos com aquilo com que nos comprometemos – conseguimos maior igualdade, mais crescimento, melhores serviços públicos e melhor emprego.
No entanto, há uma falsa ideia de que as maiorias absolutas permitem votar tudo como o Governo quer – um discurso que tem sido alimentado por uma certa direita.
Mas relembro que há um Governo e depois há um Parlamento. E nesse Parlamento, porque as listas a deputados são compostas tendo em conta a representatividade territorial, há especificidades que são defendidos por uns, mas que não são defendidos por outros. Mais, uma maioria absoluta não descarta nunca a possibilidade futura de continuar a trabalhar com os mesmos Partidos com quem tivemos a trabalhar até agora.
Por fim, o que os socialistas querem, é que o Partido Socialista tenha o melhor resultado possível. Os portugueses não são convocados às urnas para votar em dois boletins de voto: um para votar em um determinado Partido e outro para votar se esse Partido deve ou não ter maioria absoluta. Só haverá um boletim de voto. E obviamente que o meu apelo, enquanto militante, é para que as pessoas votem no Partido Socialista. E o resultado global é que vai ser decisivo para saber em que condições vamos governar.
6- Enquanto Presidente da Juventude Socialista, tem percorrido algumas freguesias com muito jovens da sua equipa, elencando problemas urbanos que devem ser corrigidos. Como funciona o “Roteiro das Freguesias”?
R: O “Roteiro de Freguesias” é uma das iniciativas que temos vindo a desenvolver neste mandato, e que consiste no contacto com a população, onde se pretende auscultar quais os problemas que sentem, no acompanhamento das atividades dos nossos autarcas residentes na respetiva freguesia e, porque é uma atividade organizada por uma juventude partidária, dar um caráter mais formativo no sentido de dar conhecimentos e os instrumentos necessários para o entendimento de como funcionam os órgãos autárquicos e de que forma se relacionam com o nosso território.
7- Sabemos que passaram recentemente por Esmoriz. Que intervenções julgam ser prioritárias nesta urbe?
R: A nossa passagem por Esmoriz foi bastante profícua e foi acompanhada por António Dias Oliveira, um esmorizense que tem realizado um trabalho notável enquanto autarca e que muito nos orgulha.
Uma das coisas que temos vindo a defender, conforme já o fizemos em Assembleia Municipal, é a reabilitação do Palacete dos Castanheiros, que hoje alberga a Biblioteca Pública de Esmoriz e que tem sofrido com problemas de infiltrações, e a requalificação da envolvente deste edifício, que merecia mais dignidade, já que o matagal e o entulho ali depositados conferem àquela zona um estado de abandono.
A recente requalificação da Rua dos Tanoeiros, que configurava no Programa do PS, aumentou a necessidade de estacionamento para servir a Estação Ferroviária de Esmoriz, também esta a precisar de ser intervencionada, tornando-se ali junto urgente a instalação de uma bateria de estacionamento.
Urgente é também tomar medidas que diminuam a perigosidade da EN109 e que se reduza a pressão do tráfego automóvel como, por exemplo, com o fim das portagens da A29 ou, como o PS apresentou em reunião de Câmara, com a redução do preço das portagens e que se vá lutando gradualmente até o fim destas.
A requalificação da Escola Secundária de Esmoriz, em que continua a faltar a resposta da Câmara o porquê de não ter mapeado esta Escola na candidatura aos fundos comunitários, no âmbito da CIRA.
A necessidade de dar continuidade à qualificação e valorização da Barrinha de Esmoriz, motivo pelo qual o PS tem apelado por um segundo Programa Pólis da Ria, já que o atual termina em 2020.
A requalificação da Avenida Dr. Raimundo Rodrigues, uma paralela à Avenida da Praia, que seria uma obra estruturante. A requalificação da ligação da Estação Ferroviária e Esmoriz ao Buçaquinho. A criação de uma ARU (Área de Reabilitação Urbana) para Esmoriz, o que permitiria o acesso a benefícios fiscais a quem queira reabilitar.
Enfim, existe tanto por onde pegar, mas creio que estas sejam as operações mais urgentes.
8- E que estratégias defendem para o restante concelho de Ovar?
R: Temos apresentado medidas para mais emprego, melhores finanças, pela promoção entre um urbanismo numa lógica de interação cidade – região e que potencie o nosso turismo através dos nossos recursos naturais, a utilização de energias renováveis, programas de educação à imagem das “Open Schools for Open Societies”, pela implementação e dinamização do Conselho Municipal da Juventude, e que esta apoie as associações jovens do nosso Concelho, pela realização de um grande evento desportivo no nosso Concelho, a implementação do Provedor do Idoso, etc, etc, etc…
Mas, se me permite, gostaria de apresentar foco para duas grandes bandeiras para todo o Concelho de Ovar que temos defendido arduamente, como por exemplo: o “Programa Municipal de Mobilidade de Ovar”, que seria o instrumento que permitiria implementar e potenciar um sistema integrado de transportes de soluções sustentáveis, abrindo porta ao financiamento pelos quadros comunitários; temos defendido mais habitação pública e propusemos que o Município de Ovar elabore a “Estratégia Local de Habitação”, um Plano cofinanciado pelo IHRU (Instituto de Habitação e Reabilitação Urbana) e, sendo que os fundos são concorrenciais, é urgente que a autarquia aproveite esta oportunidade de forma mais célere possível sob pena de não ter acesso ao financiamento.
9- Voltando às legislativas, como caracteriza a equipa de 16 candidatos que integra, e cujos nomes foram apresentados pela Comissão Política da Federação Distrital de Aveiro do Partido Socialista?
R: São 16 nomes que têm que dar ao Distrito de Aveiro a maior representatividade possível dos ideais democráticos, isto é, uma lista para a qual foram convocadas todas as gerações, completamente paritária e com o máximo de representatividade possível, seja em termos territoriais seja em termos profissionais.
Olhando para o nosso contexto, não nos podemos esquecer que: o Círculo Eleitoral do Distrito de Aveiro é o quinto a colocar mais deputados na Assembleia da República, em vinte e dois círculos; que o PS está a lutar pela vitória histórica no nosso Distrito; que a grande vitória do PS significa a defesa do Distrito de Aveiro.
Por isso e para cumprir com todos os objetivos expostos pelo Partido Socialista no seu Programa, esta lista é a melhor possível e saiu reforçada da sua Comissão Política da Federação Distrital de Aveiro, ao contrário de outros Partidos, que nem consultaram as suas estruturas distritais, onde todos os concelhos estão representados para manifestar a sua posição. Então, sim, este é sem dúvida o melhor projeto e o mais democrático para o Distrito de Aveiro.
10- Que argumentos utilizaria para convencer os cidadãos do concelho de Ovar e do Distrito de Aveiro para votarem no Partido Socialista?
R: As eleições europeias deram-nos um grande otimismo relativamente ao Concelho de Ovar. Recordo que, o PS, em todo o Concelho de Ovar, só não ganhou em uma mesa. O resultado foi uma esmagadora vitória do PS em todas as Freguesias! E tal facto não foi só um cartão vermelho ao atual executivo camarário, que vinha numa senda de sucessivos escândalos, foi também o reconhecimento pelo trabalho que tem sido desenvolvido pela Oposição PS no nosso Município e pelo trabalho que tem vindo a ser desenvolvido pelo Governo PS.
O nosso Distrito tem sido rotulado como um dos mais conservadores do nosso Litoral, e a mudança permitirá uma maior aproximação e menos bloqueios aos interesses do nosso território. E está, por isso, na hora dessa mudança!
Torna-se, assim, fundamental dar às populações do nosso Distrito as garantias que só o voto no PS pode dar!
Por fim, agradecer-lhe mais uma vez a oportunidade e felicitar-lhe pelo excelente trabalho que tem desenvolvido de forma abnegada junto da comunidade esmorizense, e não só, pois este blogue já possui um prestígio que lhe permite também ser uma referência lá fora.
Muito obrigado, Martim Guimarães Costa, por nos ter concedido a honra de responder ao nosso questionário.
Imagem nº 1 - A equipa do Partido Socialista por Aveiro em campanha no Furadouro.
Imagem nº 2 - Martim Guimarães da Costa e os restantes membros da Juventude Socialista estiveram em Esmoriz, onde elencaram várias áreas de intervenção.
Gostei imenso da forma como dirigiste esta entrevista, Dilecto Cusco, com o Martim Guimarães da Costa, meu amigo. Forte abraço. Continua na senda da verdade, na denúncia dos habituais obstáculos, meramente administrativos ou de ''não-te-rales'' (que os há muitos, quer em Esmoriz, quer na CMO. Abraço. Luís Manuel Dias.
ResponderExcluirOlá Luís Dias. Eu é que agradeço os seus elogios. Um grande abraço!
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