Muitos são os que interpretam o bairrismo num sentido pejorativo, como se tratasse de uma mesquinhez absurda. Mas isso é uma forma redutora de observar as coisas, sobretudo adoptada por aqueles que vivem nos grandes centros urbanos ou nas sedes de concelho e que não gostam das posturas sociais que advêm da periferia. Curiosamente, muitos que desconsideram o bairrismo são a favor da regionalização. Vai-se lá perceber esta gente!
Os que vivem Esmoriz de uma forma genuína e especial, sem ofender a vizinhança, são dignos do maior reconhecimento. O bairrismo concerne em defender e dar a conhecer o melhor da nossa terra e demais tradições, esta é uma identidade que sempre nos inspirou.
Os que alegam que a comunidade esmorizense deve abandonar as suas tendências bairristas, são pessoas que nada percebem sobre a história da nossa terra ou que até pouco se importam com o futuro da mesma.
Ao longo do século XX, foram inúmeros os moradores desta localidade que ergueram bem alto a bandeira do povo humilde, defendendo a nossa identidade e exigindo obras importantes às autoridades e organismos públicos. Assim, nesse mesmo século, Esmoriz foi na primeira metade uma aldeia, mas depois no início da segunda metade, foi vila, e no final, ainda se tornou cidade. E isto nunca foi alcançado com palmadinhas nas costas ou a dançar o kumbayah (e os religiosos cristãos que me perdoem esta alusão). O que seria de nós se não tivesse aparecido um Joaquim Oliveira e Silva, um Manuel Dias da Costa (estes dois primeiros com papel preponderante na ascensão a vila), um José Ferreira, um Artur Ferreira, um Hernâni de Castro (estes já desempenhando o papel estratégico que levaria a terra ao estatuto de cidade)? O que seria de nós se não aparecesse um Alexandre Castro Soares que fundou um jornal e um Orlando Santos que fez nascer uma rádio? Por amor à terra, todos deram o seu melhor. E houve muitos mais beneméritos que nunca hesitaram em difundir os virtuosismos que nos caracterizam, sem colocar de parte a sua própria nobreza de carácter e a capacidade de resiliência para enfrentar as mais diversas pugnas burocráticas e externas.
Esmoriz teve que puxar pelos seus louros porque se não o fizesse, muitos dos empreendimentos nunca chegariam sequer ao terreno. Vários sonhos teriam ficado pelo caminho.
O esmorizismo é fundamental, é necessário sentir a nossa terra, amá-la!
Claro que hoje é importante manter relações estáveis e, se possíveis, profícuas com as demais entidades públicas. Mas não podemos confundir diálogo com subserviência e penso que essa é uma das principais lições que deve continuar a ser transmitida ao longo das próximas décadas.
Não queremos faltar respeito aos nossos vizinhos (porque se formos a ver, todos eles também padecem das desvantagens periféricas em relação às suas respectivas sedes do concelho), mas não podemos ter receio em exigir mais descentralização e uma maior valorização da nossa cidade.
O bairrismo esmorizense nunca foi saloio (já sabemos por exemplo o que é o investimento municipal per capita e em que índices se encontra nos anos de 2018 e 2019!), e continuará certamente a reivindicar uma maior justiça social, na certeza de que sabemos agradecer quando nos fazem bem e nos oferecem obras de grande dimensão, mas que nunca baixaremos os braços para manter a cidade na senda do crescimento.
Imagem meramente exemplificativa retirada do Jornal Público
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