Apesar da sua indubitável qualidade (inerente ao seu programa diversificado), o Carnaval de Ovar terminou sem o mesmo brio de como começou. São Pedro, talvez já farto da odisseia dos foliões, distribuiu uma valente molha pelos cidadãos, forçando o cancelamento do segundo corso. Santo Expedito, protector das causas justas, também parece ter abandonado o júri que avalia a performance dos grupos carnavalescos, deixando-o à mercê de todo o tipo de críticas. Mas agora tudo isso não importa. O Carnaval de Ovar já terminou. A organização foi inequivocamente positiva, mas não foi brilhante, no nosso entender.
As obras em torno do Esmoriztur parecem prosseguir de forma tímida, e esperamos que os prazos venham a ser cumpridos. O Carnaval de Esmoriz, pelo menos, o deste ano, chama-se Esmoriztur, pólo que outrora se assumiu como um agregador ou até gerador de cultura e que agora pode voltar a ganhar vida. E após tantos carnavais no centro de Ovar (e não vamos querer contabilizar a verba pública total que a autarquia investiu no Carnaval, durante os últimos dez anos em que o Esmoriztur esteve encerrado) é altura que a cultura volte a merecer aqui um tratamento digno. Esmoriz não teve um Centro de Artes ou qualquer edifício cultural como Ovar usufruiu desde tempos para cá. Foi-nos conferido um tratamento desigual. Nenhuma cidade deve ficar privada da sua vocação cultural. As colectividades de Esmoriz tiveram que se sujeitar a condições pouco favoráveis durante aquele longo interregno, embora a Junta de Freguesia de Esmoriz tenha empreendido recentemente uns ligeiros melhoramentos no auditório local que assim atenuaram a realidade adversa.
Desafiamos aqui a Câmara Municipal de Ovar a investir anualmente tanto no Esmoriztur como o faz, por exemplo, em cada edição do Carnaval de Ovar (em 2019, recorde-se que foram aqui investidos 700 mil euros). Porque não nos interessa ver apenas o Esmoriztur reabilitado, queremos sim uma "casa cultural" que se encontre activa com um bom programa.
Não desvalorizamos o mérito claro do actual executivo municipal liderado por Salvador Malheiro que demonstrou interesse e procurou concretizar a reabilitação física do Esmoriztur, contudo desejamos que o espaço tenha rendimento, não tanto financeiro (porque o Carnaval de Ovar também não é auto-suficiente, como é sabido!), mas sim essencialmente cultural e social. O Esmoriztur tem uma função imprescindível na formação social e cultural do povo. Foi assim durante as décadas de 80 e 90! E queremos que volte a ser assim!
Agradecemos a obra (sem dúvida, importante!) aos responsáveis autárquicos, mas temos o direito de continuar a exigir o melhor para a cidade. E o Esmoriztur é parte integrante da alma esmorizense, pelo que deve ser tratado a partir de agora como uma prioridade!
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