quinta-feira, 21 de março de 2019

Dia Mundial da Poesia I - "Mistérios"

De forma a assinalarmos o Dia Mundial da Poesia (21 de Março), iremos publicar, ao longo do dia, cinco poemas de autores esmorizenses, além de uma entrevista inerente à temática. Pretendemos assinalar esta efeméride da melhor forma possível, valorizando o melhor da nossa cultura local.



"Mistérios"
(Poema da autoria de Alexandre Castro Soares)


Mirei o teu olhar: era tão doce!
Ah! Sim, tão puro como o de Jesus
Roubou-me à vida, sim, como se fosse
Imbuída droga de veneno e luz;
Assim sedução nunca tal supus!

Jogam-se às vezes olhares bem fatais!...

Se bem me parece eu até queria
A estes me vazasses com mil punhais.

Francamente, por certo eu não morria
Em colisões tais e em tal agrura,
Roubando-me à vida uma tal Maria;
Recaí num laço, armou-o a formosura,
Estrela cintilante do meu céu;
Imolaste-me a alegria; a sepultura
Reabriste-a, não em pedra dura,
A minha campa foi esse olhar teu!


Esmoriz, 22 de Abril de 1913
Alexandre Castro Soares*





Um fotograma da autoria de Christopher Nolan.



* Co-Fundador da Comissão de Melhoramentos de Esmoriz em 1953 e Fundador do Jornal A Voz de Esmoriz em 1956. O seu livro "Ais Abafados" foi publicado em 1914 quando Alexandre Castro Soares tinha 23 anos, vivendo na altura no Brasil. No entanto, o poema que aqui publicamos parece ter sido escrito quando o autor terá passado por cá em algum momento. Neste poema "Mistérios" (na grafia original "Mysterios") se repararmos sempre na primeira letra de cada verso, conseguiremos ler na vertical o nome da mulher (Maria Sá Ferreira) à qual é dirigido este poema. 


Poema retirado de: SOARES, Alexandre Castro - Ais Abafados. 2º edição. Esmoriz: Comissão de Melhoramentos de Esmoriz, 2014. 

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