Presidente da Junta de
Freguesia
REFORMA ADMINISTRATIVA
Exmo
Senhor Presidente da Assembleia Municipal e demais Membros da Mesa,
Exmo
Senhor Presidente da Câmara Municipal, Senhora e Senhores Vereadores,
Caros
Colegas Deputados Municipais,
Exma.
Comunicação Social e Público aqui presente.
Esmoriz, 10 de Outubro de 2012
Esta
Assembleia Municipal, de caráter extraordinário coloca-nos perante a Lei
n.º 22 de 30 de Maio de 2012 que, apesar
de ter sido aprovada pela Assembleia da Republica, da mesma, resulta uma
apreciação crítica, dadas as muitas consequências que dela podem advir.
Esta
Lei e a respectiva implementação no terreno, não poderia passar sem que a
população visada fosse auscultada, através de um referendo, como aliás é
sugerido pela Carta Europeia para a Autonomia do Poder Local, assim como
auscultando verdadeiramente os autarcas e outras entidades que são aquelas que
melhor conhecem as diferentes realidades, especificidades e necessidades de cada localidade. É o normal num país
verdadeiramente democrático, quando está em causa uma reforma vital para as
localidades e população em geral.
Está
em causa os direitos de Participação e Cidadania das populações. Até porque
nenhum partido com assento parlamentar, através dos seus programas eleitorais,
manifestou o desejo de propor a extinção das freguesias ou anexação dos
concelhos. Estamos perante uma inconstitucionalidade.
Da mesma forma, com esta Lei e respectiva reforma administrativa, tentam dividir-nos e atirar, para nós autarcas, a responsabilidade da mesma, o que não é uma atitude justa e coerente.
Da mesma forma, com esta Lei e respectiva reforma administrativa, tentam dividir-nos e atirar, para nós autarcas, a responsabilidade da mesma, o que não é uma atitude justa e coerente.
A Associação Nacional de Freguesias
reiterou a sua posição de rejeição total desta Lei, tendo aprovado no passado
dia 15, em Encontro Nacional realizado em Matosinhos, o seguinte: “Os Autarcas
de Freguesia continuam a rejeitar, liminarmente, o modelo de reforma
administrativa indicado pela Lei nº 22/2012, exigindo a sua revogação.”
De referir também que a Anafre enviou um
pedido de inconstitucionalidade desta Lei para a Procuradoria Geral da
Republica.
“A Associação
Nacional de Municípios Portugueses recusa a agregação e a fusão de freguesias,
tal como está prevista na Lei n.º 22 de 2012. A fusão ou a agregação deve
fazer-se na base exclusiva da iniciativa dos órgãos autárquicos e das populações”.
Estou
contra esta reforma administrativa, porque irá centralizar, burocratizar, e
trará menos eficiência e qualidade junto das populações, eliminará mais um
serviço público fulcral e de proximidade e no interior provocará mais
despovoamento e desertificação dos territórios.
Há ainda a referir que, de modo algum, seria preservada a identidade histórica, cultural e social das comunidades locais com a extinção das freguesias.
Cada
Freguesia tem a sua própria origem, a sua história, a sua identidade, os seus
usos e costumes e a população de cada localidade, já para não falar do papel
social das Juntas de Freguesia.
O Poder Local é uma das maiores conquistas do pós 25
de Abril de 1974.
As transformações que ocorreram na sociedade
portuguesa, com a revolução de Abril de 74, criaram as condições para que as
autarquias readquirissem a importância perdida e a possibilidade de se tornarem
espaços de poder em liberdade e em participação.
O Poder Local viu acrescidas as suas
competências e o seu fortalecimento associou-se à democratização geral do país.
Desde então, o poder local tem aparecido como uma das suas maiores realizações.
Os resultados práticos são visíveis as
pessoas vivem melhor, os equipamentos multiplicaram-se e o país ficou mais
coeso territorialmente.
Actualmente, as exigências, a complexidade do poder local, o papel e
responsabilidade dos autarcas é cada vez maior e fundamental para o
desenvolvimento sustentável das localidades.
As Juntas de Freguesia têm uma importância
fulcral para a melhoria da qualidade de vida das populações locais, tanto pela
proximidade com os seus munícipes, como pela capacidade de dar respostas mais
céleres e eficazes às suas necessidades. E fazem-no apesar dos escassos
recursos, quer humanos, quer materiais, quer financeiros.
Solucionamos diariamente uma infinidade de
problemáticas, para além de que, também encaminhamos os problemas dos munícipes
e as próprias pessoas para as mais diversificadas instituições, quer públicas
quer privadas, pois os munícipes dirigem-se em primeiro lugar às Juntas de
Freguesia.
Preocupa-me
fundamentalmente como irão ficar as populações das diferentes localidades
sobretudo do interior, mas também do Litoral. Muitas ficarão ainda mais
isoladas de respostas céleres aos seus problemas, já para não falar que, com a
agregação de freguesias, irá ser colocada em causa questões como a identidade
de cada localidade no seu sentido mais lato.
Esta
reforma, no meu entender, significa um retrocesso nas conquistas do Poder Local,
pós 25 de Abril de 1974.
Existem
outros problemas bem mais importantes no país e outras formas de se reduzir
custos, até porque não é com a extinção de Freguesias que se vão reduzir
custos, pois representam uma ínfima percentagem no Orçamento de Estado.
Não
seria mais pertinente reduzir o número de Deputados no Parlamento? E reduzir os
salários e benefícios a Governantes, Parlamentares, Directores, Gestores e
outros altos quadros da Administração Pública? E as reformas do aparelho de
Estado, de ex-governantes, gestores de empresas públicas e muitos outros. Aqui
sim, reduziria-se verdadeiramente os custos e teríamos uma sociedade mais justa
e equilibrada. E como irá reagir a população se esta reforma administrativa for
implementada?
Já
se encerram Escolas, Centros de Saúde, Hospitais e outros serviços da maior
importância. Com a redução e consequente extinção de freguesias como ficam as
populações?
Como
Presidente de Junta eleita pelo Povo não
fui mandatada para tal, sendo certo que sou contra a agregação das freguesias a
não ser em casos pontuais e específicos onde se justificaria a sua agregação.
Como Presidente de Junta e como
Cidadã sou contra esta Reforma Administrativa e contra a extinção das freguesias,
pelos motivos evocados e muitos outros que poderia enumerar.
Estou
e estarei solidária com todas as Freguesias e Concelhos de Portugal assim como
as respectivas populações, pois esta foi uma das maiores conquistas do pós 25
de Abril de 1974.
Porque
sou optimista, porque é uma reforma injusta e incongruente, acredito que ainda
será possível arrepiar caminho a esta decisão.
Um
bem haja a todas as Autarquias deste País!
A Presidente da Junta de Freguesia
de Esmoriz
Maria do Rosário Loureiro Relva,
Dra.
Olá
ResponderExcluirCaríssimos
Está na hora dse todos contribuirmos para pagar a crise.
Freguesias, Câmaras, Deputados, membros dos CAs dos Organismos do Estado.....há-os em númer exagerado.
Basta!
Cumprs
Augusto
Concordo que devem existir cortes na Função Pública, mas em moldes moderados e não excessivamente radicais (isto, sobretudo no que diz respeito à questão das freguesias). No caso dos deputados, está na altura de estes fazerem sacrifícios porque também devem dar o exemplo, abdicando parcialmente dos seus salários/regalias chorudas.
ExcluirCumprimentos!